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Uma esperança a mais

A esperança, passarinha andarilha, não faz ninho muito longe do coração humano

A atendente de bordo informa: “Atenção senhores passageiros, chegamos em 2023! Não se esqueçam de sua bagagem repleta de novas esperanças! Elas devem nos acompanhar nos 365 dias de cada volta que a terra faz em torno do astro que nos alimenta e aquece”. Notícia de última hora: 60% dos brasileiros acham que 2023 será melhor que o ano moribundo. Outra pesquisa revelou que o ser humano sempre acha que a vida vai melhorar – não importa qual a renda mensal, se mora em palacete à beira mar ou em favela. Mais perto do céu, por certo.

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Quem espera sempre alcança, diz o vulgo. A esperança, essa erva teimosa, se agarra a nós como nos agarramos a ela , como o salva-vidas em mar revolto que nos leva a uma praia ensolarada.. Não há dor que sempre dure, e mais das vezes uma aspirina resolve. Um buquê de flores pode garantir o perdão por uma ofensa grave – se o arrependimento é sincero. Algumas palavrinhas mágicas também ajudam: desculpe, por favor, muito obrigada!

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Ano que se esvai e passa o bastão para o sucessor – tempo de fazer promessas, de listar intenções que nada mais são que nossa teimosa esperança de que agiremos melhor, seremos mais responsáveis e conscientes, cuidaremos melhor do corpo e da mente, do lar que nos abriga, das pessoas que nos confortam, do planeta que nos hospeda. Perder peso ou perder manias, trabalhar mais ou trabalhar menos, gastar ou economizar…dar mais do que recebemos da vida à família e aos amigos. Ganhar aquela promoção, parar de fumar.

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A esperança é o anjo generoso que adeja à nossa volta – confia, acredita. Não importa quão longa é a noite, amanhã o sol brilha outra vez. Um fio de esperança é suficiente para encontrar a saída ou vencer o medo. Com fiapos de nuvens fabricamos sonhos, a vela acesa desmancha a escuridão. A luz do farol leva o navio a um porto seguro. Martin Luther King: Se soubesse que o mundo ia acabar amanhã, ainda hoje plantaria uma árvore.

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Leio ou deixo adormecidas no fundo da gaveta as intenções que fiz para 2022? Quais fracassaram, quais foram realizadas? Onde errei, quando acertei? Devo adaptá-las às minhas novas expectativas ou deixar que se envolvam nas brumas desse passado recente, até que desapareçam da memória? A esperança, essa mestra paciente, nos ensina a tecer novas redes de esperança e fé para o ano que nos bate à porta. Boas intenções são como o incenso que perfuma o ar e sobe aos céus em forma de oração.

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A esperança é a última que morre, diz o milionário que perdeu uma transação importante. A esperança não morre nunca, diz a criança que não ganhou um presente de natal. A vida vai melhorar, diz o pobre que não conseguiu pagar as contas no fim do mês. Dias melhores virão, diz o jovem que não passou no vestibular. Nada como um dia depois do outro, diz a jovem que perdeu seu amor. Há sempre um motivo, uma desculpa, um pretexto para acreditar que o futuro esconde algum truque, algum milagre, alguma mudança…e a gente espera. Porque a esperança, esse lenitivo para todos os males, nos ensina que quem espera sempre alcança.

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Querido Ano Velho. Obrigada pelas coisas boas que desfrutei, pelas coisas ruins que superei.

Querido ano novo: Seja bem vindo!

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