
O documentário, curto, objetivo e fortemente delicado, reúne admiradores e estudiosos da obra do poeta Sergio Blank. Cada um dos convidados conta um pouco da importância dos livros de Blank em suas trajetórias; destacam curiosidades que eles percebem sobre as obras; e divagam sobre questões que envolvem a figura do poeta e o hiato que já dura mais de duas décadas. Aliás, sobre esse hiato, Blank afirmou: “Enquanto eu não sofrer com isso estará tudo bem”.
“Passei três décadas trabalhando intensivamente com literatura, envolvido com projetos de incentivo à leitura. Até com venda de livros trabalhei, fui promotor de eventos culturais e ministrei oficinas literárias. Meu percurso de vida sempre foi a literatura, sempre estive junto do universo do livro. Hoje não estou publicando, mas vivo o livro em todos os seus sentidos, não me vejo inativo ou distante da literatura”, acrescentou Blank após a exibição da obra e diante da questão que mais lhe recai em entrevistas e questionamento de seu público.
O escritor Pedro J. Nunes, presente no documentário, faz uma pontuação curiosa. Para ele, Blank ainda não se esgotou como poeta, em algum momento ele irá surpreender o público com uma nova publicação. Enquanto isso, outros depoimentos registram que o poeta descarregou o que tinha para dizer, construindo um percurso literário conciso e importante. Há depoimentos, inclusive, que realçam que do ponto de vista teórico é interessante que Blank não lance mais nada.
É assim que Risque Meu Nome do Mapa se constrói, numa amarração de falas que demonstram a tamanha importância de Blank para a literatura nacional. Seus três primeiro livros (Estilo de Ser Assim, Tampouco, Pus e Um), lançados na década de 80, são apresentados como uma representação da geração pós-punk, cheias de voracidade e com a urgência em devorar o mundo. E, em meio a todas essas análises, Blank se faz presente no documentário poucas vezes para contar de seus escritos. E essa foi a primeira que ele assistiu o documentário com a plateia.
Após a exibição do documentário, o professor da Ufes Orlando Lopes; e o jornalista pesquisador da obra de Blank, Sinval Paulino, conversaram sobre o que viram na obra e também sobre a figura do poeta, que para eles é impossível de ser dissociada de sua obra. Ambos destacaram a importância de registros que façam memória sobre a história da literatura produzida no Espírito Santo e puderam dividir a mesa de discussão com Blank, que não planejava falar, mas esteve prontamente a postos para responder a plateia bastante diversificada que lotou auditório da BPES.
Serviço
Atualmente toda a obra de Sergio Blank está reunida na coletânea Os dias Ímpares, lançada pela editora Cousa e disponível para a venda.