Esse grande acervo se deve ao trabalho de Maciel de Aguiar, que passou 40 anos garimpando peças antigas de arte africana. Em 1960, o romancista Jorge Amado e o antropólogo Darcy Ribeiro confiaram ao capixaba à missão de resgatar objetos importantes da cultura africana que faziam parte de coleções particulares em várias partes do mundo. Desde então, ele se tornou o Guardião do Museu Intercontinental ÁfricaBrasil.
À Solenidade de abertura compareceram o Secretario de Cultura de Vitória, Alexandre Lima, representantes do Sincades e da Secult, o diretor do Mucane, Wellington Barros, e Maciel de Aguiar. O curador da mostra e guardião do ÁfricaBrasil foi o primeiro a falar e, apesar da alegria de poder realizar essa exposição em Vitória, ele disse que as obras chegaram a capital com 40 anos de atraso e lamenta ter demorado tanto tempo para que a cidade reconhecesse o valor do museu.
Em cartaz no Mucane, até o dia 22 de dezembro, a exposição Reinos, Escudos e Máscaras realmente surpreende. Dividida em três partes, como o nome sugere, as máscaras e os escudos são todos muito coloridos e ornamentados com conchas e miçangas. Algumas máscaras se assemelhavam as máscaras africanas pintadas por Picasso em muitos de seus quadros. Inclusive, o artista espanhol foi um dos primeiros a se sensibilizar com o projeto de criação de um museu de arte africana no Brasil e dou sua coleção para o incipiente acervo do que um dia viria a ser o ÁfricaBrasil.
Na parte destinada aos Reis e Rainhas, as esculturas, também em madeira, são mais sóbrias. Mostram figuras quase sem nenhum enfeite e as mulheres são representadas grávidas ou amamentando. Também há uma pequena sala de vídeo com uma entrevista com o Maciel de Aguiar contando todo o processo para reunir esse enorme acervo.
Há obras oriundas do Congo, Zulu, Senegal, Costa do Marfim, Etiópia, Sudão, Angola, Moçambique, Gabão demonstrando a grande variedade de povos e as diferenças estéticas nas esculturas de cada etnia. Com a exposição, espera-se que o ÁfricaBrasil ganhe mais visibilidade e seja mais valorizado, a mostra também é uma provocação para gerar mais estudos e pesquisas sobre a arte e a cultura afro, que tanto influenciou a criação artística em outros continentes.
Maciel de Aguiar aproveitou a oportunidade e contou seus planos para o ÁfricaBrasil. Apesar de estar no Espírito Santo, o museu pertence à humanidade e por isso sua vontade é poder devolvê-lo a África. “Já que não se pode devolver a força e o músculo daqueles que foram explorados aqui e em tantos outros lugares do mundo, pelo menos podemos devolver a dignidade e a cultura a esses povos”, disse. Para isso, a ONU já esta sendo pleiteada. Então, aqueles que ainda não conhecem o Museu Intercontinental ÁfricaBrasil, no Porto de São Mateus, é melhor irem logo visitá-lo porque as obras estão lá apenas provisoriamente.
A exposição foi recebida com muita alegria pelo grupo de samba Sandália de Pescador e foi uma grande festa para homenagear o museu ÁfricaBrasil e o dia da consciência negra.
Serviço
A exposição Reinos, Escudos e Máscaras está em cartaz até o dia 22 de dezembro, no Museu Capixaba do Negro (Mucane). Avenida República, 121, Centro, Vitória. Entrada gratuita.