Quarta, 08 Mai 2024

Todas as faces de Maria foi um dos destaques de prêmio estadual

Todas as faces de Maria foi um dos destaques de prêmio estadual
 
De fato, Maria Laurinda Adão tem muitas faces, mestra Caxambu, parteira, coveira, líder espiritual e comunitária, mãe, filha e mulher. “O livro Todas as Faces de Maria tenta dar conta da figura instigante que Laurinda é, mas não é possível descrevê-la por inteiro. Mostramos apenas algumas das faces dessa mulher, que a cada minuto de convivência, só tinha a nos ensinar”, diz Genildo Coelho Hutequestt, autor da obra.
 
O livro, que cada vez mais tem conquistado seu merecido reconhecimento, foi um dos finalistas do 6º Prêmio Padre José de Anchieta de Excelência Gráfica. A obra que narra a história de Maria Laurinda foi viabilizado com recursos da Lei Rubem Braga e impresso na gráfica Gracal, de Cachoeiro de Itapemirim. A publicação ficou entre os quatro melhores livros ilustrados com recurso especial do Eo Espírito Santo.
 
Todas as Faces de Maria é na verdade uma consequência do documentário homônimo também dirigido e produzido por Genildo Coelho e lançado em 2012. Membro e fundador da Associação de Folclore de Cachoeiro de Itapemirim, Genildo explica que o livro é uma transcrição na íntegra das entrevistas que estão no documentário. A transcrição foi organizada pela escritora Maria Elvira Tavares, que fez questão de manter o modo de falar da comunidade com uma linguagem bem coloquial. 
 
No documentário, Maria Laurinda fala de seus bisavós escravos e comenta sobre as tradições dos antepassados e também sobre a resistência de sua comunidade quilombola em Monte Alegre. Além desse relato, o livro também traz o trabalho fotográfico de quatro fotógrafos que acompanharam a produção do filme durante um ano na comunidade. O projeto do curta-metragem foi um dos contemplados pelo Edital de Produção de Documentários da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult) em 2011. 
 

O livro e o documentário foram lançados em Vitória, na comunidade de Monte Alegre e também em Moçambique, na Universidade João Mondale, em fevereiro do ano passado. “Foi um momento muito especial no qual Laurinda entrou em contato com as origens de suas tradições. Foi muito emocionante vê-la se reconhecendo nas práticas populares e tradicionais do povo moçambicano, que a recebeu com muito carinho e admiração”, conta Genildo.
 
Genildo conheceu Laurinda no final dos anos 1990, mas ele lembra que sua curiosidade com o folclore é muita mais antiga. “Quando criança eu fugia de casa para assistir os festejos do jongo, meus pais diziam que não era coisa de criança, mas eu ia assim mesmo porque achava incrível”, conta. Hoje formado em arquitetura, ele entende muito melhor a importância da preservação do patrimônio imaterial e voltou a Cachoeiro para conhecer os mestres que já admirava desde criança. 
 
“A maioria das histórias são preservadas apenas pela oralidade e muitos mestres estão morrendo e, junto com eles, a tradição. O documentário e o livro são formas de registrar essas histórias e as manter vivas”, diz Genildo. Segundo o produtor, Maria Laurinda é um desses personagens que conseguem representar muito bem as tradições quilombolas, sendo um dos maiores ícones vivos da cultura capixaba.

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