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Comunidade acadêmica reage e MEC recua sobre retorno das aulas presenciais

Ufes emitiu nota sobre possibilidade de ensino híbrido. Entidades de classe da universidade e do Ifes se opõem ao retorno

Não vigorou por muito tempo a Portaria nº 1030, do Ministério da Educação, que estabelece a retomada do ensino presencial no início de 2021 nas instituições de educação superior que integram o sistema federal de ensino. Publicada nesta quarta-feira (2), no Diário Oficial da União, a repercussão negativa gerou recuo do governo. A obrigação do retorno presencial provocou reação da comunidade acadêmica e da Administração Central da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). 

A instituição de ensino afirmou, em nota, se preocupar com a determinação da portaria, por ser o momento atual de crescimento das taxas de transmissão do novo coronavírus, “tornando nebuloso o cenário futuro”. A Ufes informa que discute possibilidades de oferta de ensino nesse cenário, já que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) estuda a possibilidade de adoção do ensino híbrido, com formatos presencial e remoto.

Entretanto, afirma a Universidade, essa decisão depende de vários fatores, como diretrizes de biossegurança e a disponibilidade orçamentária da Ufes de prover as condições de infraestrutura e de biossegurança exigidas nos protocolos e documentos legais, a exemplo dos emitidos pelas autoridades de saúde estaduais e pelo Comitê Operativo de Emergência para o Coronavírus da Ufes (COE-Ufes), além do Protocolo de Biossegurança do MEC nº 572. 
Nem presencial, nem híbrido
A secretária-geral da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes), Junia Zaidan, ressalta que a entidade é contrária ao retorno do ensino presencial e também híbrido. “A gente está na segunda onda de contaminação da Covid-19. Enquanto o número de infectados sobe, a gente vai falar de retorno? Não temos condições de retomar as aulas presenciais nem de fazer ensino híbrido”, diz. Segundo Junia, não há estrutura física adequada para a correta assepsia do espaço. Além disso, não é prudente expor as pessoas que dependem de transporte coletivo. 
O coordenador de Formação Sindical do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Sintufes), Welington Pereira, também destaca a questão da necessidade de utilização do transporte para ir e voltar da universidade como um fator de risco para as pessoas. De acordo com ele, os servidores defendem que retorno presencial, seja no modelo previsto pela portaria ou no híbrido, deve acontecer somente depois da vacina. 
Welington informa, ainda, que técnicos administrativos de universidades públicas de todo o país estão discutindo com a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) a possibilidade de greve sanitária caso seja determinado o retorno das aulas presenciais. 
Ifes não se pronuncia
O Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) não chegou a se manifestar oficialmente a respeito da Portaria nº 1030. Entretanto, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) afirma ser contrário ao retorno das atividades presencias. Segundo o coordenador Thalismar Matias Gonçalves, esse posicionamento foi adotado durante todo o ano de 2020 e será mantido enquanto não houver nova assembleia com a categoria para debater o assunto. 
A posição contrária se justifica, por exemplo, por causa do risco de contaminação durante a locomoção de ida e vinda das pessoas para o Ifes e pelo fato de a instituição de ensino não proporcionar as condições sanitárias adequadas. Thalismar afirma, ainda, que a realidade da pandemia durante os meses de janeiro e fevereiro será essencial para o debate de um possível novo posicionamento da entidade.

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