Domingo, 28 Abril 2024

Estudantes ocupam Reitoria da Ufes após fechamento do Restaurante Universitário

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Nessa segunda-feira (29), o que inicialmente seria apenas um protesto no Restaurante Universitário (RU) no horário do almoço e do jantar, culminou em uma ocupação na Reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), sem previsão de término. No almoço, os alunos bloquearam a roleta do RU e o acesso ao restaurante foi possibilitado a todos pela porta como forma de se manifestar contra as ameaças de processo administrativo contra quem pula roleta. A universidade, então, não abriu o RU no jantar e informou que não abrirá em nenhum horário nesta terça-feira (30), o que motivou a ocupação.

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Para esta terça, os manifestantes planejam o fechamento dos portões da Ufes para um dia de paralisação, com aulas públicas e outras atividades, que estão sendo programadas.

Um estudante que não quis se identificar, por medo de represálias, e que faz parte do Comando de Greve formado para organizar as manifestações a partir dessa segunda, relata que a realização da manifestação no RU foi aprovada no Conselho de Entidades de Base da Ufes diante de ameaças da Administração Central, que falou que abriria processos administrativos contra quem pulasse roleta. De acordo com o estudante, as penalidades do processo variam, indo desde advertência até expulsão.

O integrante do Comando de Greve afirma que, além dos processos, a universidade também afirmou que colocaria catracas grandes, que impossibilitam as pessoas de pular, mas para o Movimento Estudantil, o ato de pular roleta está relacionado com a permanência dos alunos na universidade, pois muitos não têm condições de pagar pela refeição, que custa R$ 5,00. Conforme relata o estudante, um grupo de universitários se reuniu na tarde dessa segunda com representantes da Reitoria e da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci) e reivindicaram a reabertura da RU nesta terça.

Contudo, foi dito aos estudantes que isso não seria possível devido a problemas técnicos, como falta de tempo hábil para descongelar alimentos. Diante disso, a ocupação foi mantida. Um grupo, ao ver o reitor Paulo Vargas sair do prédio da Reitoria, chegou a cercá-lo, dificultando a saída do carro onde ele se encontrava e chamando-o de interventor, referindo-se ao fato de ter sido nomeado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo não tendo sido o escolhido na consulta feita à comunidade acadêmica - o nome mais votado foi da epidemiologista Ethel Maciel. O reitor se retirou do local acompanhado de seguranças da Ufes.

O Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Sintufes) se manifestou nas redes sociais, demonstrando solidariedade aos estudantes. Para a entidade, ao fechar o RU, a Reitoria tentou "colocar os estudantes contra o próprio movimento". "Estamos aqui para prestar solidariedade aos estudantes e reivindicar o direito à alimentação e permanência", disse o coordenador de Formação Política e Sindical, Felipe Skiter. 

Nota

A Ufes, por meio de comunicado oficial, alegou que o restaurante não abriria tanto no campus de Goiabeiras quanto no de Maruípe, chamando a iniciativa de "uma medida necessária para que se restabeleçam as condições de segurança, de trabalho e de organização adequada para o fluxo de fornecimento das refeições, comprometidas na manhã desta segunda-feira por uma manifestação de estudantes no RU de Goiabeiras, que inviabilizam as condições de trabalho da equipe e podem trazer risco para a segurança dos estudantes e servidores no local".

Ainda segundo a nota, "a Administração Central da Ufes não recebeu das entidades representativas dos estudantes nenhuma comunicação oficial informando as razões das manifestações, das quais tomou conhecimento por meio de mídias sociais".

O texto prossegue dizendo que "a Administração Central da Ufes considera os Restaurantes Universitários equipamentos essenciais na política de assistência estudantil e que contribuem vigorosamente para o bem-estar e a permanência dos estudantes até o final do seu ciclo universitário. Por isso, está comprometida em promover melhorias nos RUs que valorizem ainda mais o seu papel, dentro das condições orçamentárias que dispõe. Com essa finalidade, nomeou um grupo de trabalho para estudar soluções para a melhoria no acesso e no atendimento, cujos resultados serão apresentados e discutidos com representantes estudantis assim que as atividades forem concluídas".

A nota finaliza afirmando que "a Administração Central da Ufes entende que o diálogo é fundamental para a construção de soluções que contemplem as necessidades e demandas da comunidade acadêmica e coloca-se à disposição para debater com as lideranças estudantis as melhores soluções".

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