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Detenção arbitrária de jornalista é atentado à liberdade de imprensa

O jornalista Vinícius Arruda, do Metro Jornal, foi vítima de abuso de autoridade de policiais militares. O imbróglio aconteceu nessa segunda-feira (10), em Vitória. O repórter passava pelo Jardim da Penha, bairro de classe média da Capital, quando a abordagem de policiais a dois homens despertou seus instintos de jornalista. Arruda passou registrar, com a ajuda da câmara do seu aparelho celular, a abordagem dos policiais militares 
 
Ao perceber que Arruda filmava a ação, um dos policiais se aproximou do repórter e disse rispidamente: “Seu celular será usado para prova. Você vai com a gente para o DPJ. Grava aqui meu nome, soldado Malverd e você vai pro DPJ comigo”. O repórter questionou a abordagem e perguntou por que o policial estava sendo agressivo. Imediatamente os outros policiais se aproximaram e passaram a intimidar Arruda, repetindo que o conteúdo registrado pelo jornalista seria usado como prova. De repórter, por decisão dos policiais, ele passou à condição de “testemunha” dos suspeitos. 
 
Apesar de manter o tom de voz baixo e respeitoso o tempo todo, frisando que estava apenas registrando os fatos, sem fazer qualquer julgamento sobre o trabalho dos policiais, o repórter foi conduzido ao DPJ na viatura com os suspeitos, que teriam assediado uma mulher em um ônibus. 

No DPJ, Arruda foi informado que seria detido por desobediência. Horas depois, o advogado da empresa jornalística conseguiria a liberação do repórter. 
 
O vídeo gravado pelo jornalista não deixa nenhuma dúvida de que os policiais foram abusivos. A cenas confirmam que houve um atentado à liberdade de imprensa. É inaceitável que os policiais se valham do abuso de autoridade para intimidar o trabalho da imprensa. 
 
O governo do Estado, percebendo que os policiais agiram com truculência, enviaram ao DPJ o chefe da Polícia Civil, Guilherme Daré, e coordenadora de Comunicação do Estado, a jornalista Andréia Lopes. Daré afirmou que o trabalho da imprensa deve ser respeitado. Já Andréia assegurou que a atitude dos policiais não era aprovada pela Secretaria de Segurança.
 
A resposta do governo foi rápida, mas é preciso apurar o caso com rigor e punir os policiais que claramente se excederam. Não houvesse excesso por parte dos policiais, os dois representantes do governo não teriam corrido para a delegacia para registrar que desaprovam a ação da PM. 
 
As imagens registradas por Vinícius Arruda foram essenciais para provar que houve abuso de autoridade por parte dos policiais. Aliás, foi esse instinto de repórter que motivou o jornalista a registrar a abordagem policial que causou sua detenção arbitrária.
 
Sindijornalistas publica nota
 
O Sindijornalistas e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam veementemente a ação da PM do ES em prender um repórter do jornal Metro que flagrou uma ação violenta de policiais durante abordagem de rua ocorrida nesta segunda-feira. O Sindijornalistas e a Fenaj estão perplexos com mais uma atitude intimidatória de agentes públicos do Estado que nada mais são do que um atentado à Liberdade de Imprensa e ao direito do profissional exercer sua profissão. Além do mais, destacam a falta de compromisso do secretário de Segurança Pública, André Garcia, que em reunião com a direção do Sindicato dos Jornalistas afirmou categoricamente, em 2013, que sempre respeitaria jornalistas que se identificassem ao filmar qualquer ação policial em vias públicas, como foi o caso.
 
Esperamos que o governo do Estado reveja esta posição autoritária e descabida das forças de segurança do Espírito Santo, que, ao invés de investir contra trabalhadores, garanta a segurança para todos os capixabas.
 
O Espírito Santo continua ocupando altas posições no ranking de homicídios e assaltos ocorridos no país, bem como, há 10 anos está entre os primeiros lugares em violência.
 
O Sindijornalistas está acompanhando o caso e denunciará mais esta violação à liberdade de imprensa no ES aos organismos institucionais competentes.

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