Sábado, 20 Abril 2024

Justiça nega pedido de instalação de equipamentos em uniformes e viaturas

PM_leonardo_sa-8558 Leonardo Sá

Pedidos feitos pela Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) por meio de Ação Pública (ACP), relacionados ao aparelhamento da Polícia Militar (PM) como forma de coibir a violência institucional, foram julgados improcedentes pela juíza Sayonara Couto Bittencourt, da 4ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde de Vitória.

Os pedidos dizem respeito principalmente à instalação de equipamentos de monitoramento do deslocamento de viaturas; instalação de equipamentos de escuta e gravação ambiente; e aquisição e disponibilização de software para arquivamento das informações obtidas, bem como para a disponibilização para a população.

Em sua decisão, a juíza afirma que uma questão semelhante foi submetida ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que o ministro Alexandre de Moraes "entendeu que a imposição de obrigação de aparelhamento das polícias com o fim de tornar legítima a sua atuação em regiões hipossuficientes não encontra amparo constitucional, gerando para a administração pública um dever que não está determinado por lei".

A magistrada destaca que a DPES defende a instalação de equipamentos de monitoramento da atividade policial com o argumento de que "grande parte de pessoas mortas por forças policiais é negra e/ou em situação de hipossuficiência econômica e social". Ela afirma que há estudos e trabalhos acadêmicos que demonstram que a população que mora em locais mais pobres é impactada pelas forças policiais, "entretanto, sob o ponto de vista jurídico, que é o que se perquiri nesses autos, não há como impor ao ente público obrigação que, de fato, não está prevista na Constituição Federal e nem mesmo em lei".

A juíza argumenta ainda que, "analisando os documentos acostados aos autos (inclusive os que acompanharam a petição inicial), não é possível concluir que o Estado do Espírito Santo está inerte quanto a possibilidade de melhor aparelhamento e aperfeiçoamento da atividade policial", já que, na narrativa inicial, "a Defensoria Pública admite que, na Polícia Civil do Estado do Espírito Santo há projeto voltado à instalação de GPS em viaturas".

O texto prossegue dizendo que "ainda se extrai da petição inicial que o Estado do Espírito Santo aprovou recursos no valor de R$ 200.000,00 para início de projeto-piloto envolvendo 100 câmeras a serem acopladas aos corpos de agentes de segurança". Consta ainda na decisão que o Comando da Polícia Militar (PM) apresenta condutas adotadas e em andamento na Corporação "e que se referem aos pedidos formulados na inicial".

Entre essas condutas está um projeto da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) em conjunto com a Polícia Civil de aquisição de BoddyCam, câmera corporal acoplada à farda dos agentes de segurança, com condições de capturar vídeo e áudio, permitindo transmitir ao vivo as imagens de uma ocorrência para o centro de operações.

A Defensoria ingressou com a ação em abril, poucos dias depois do assassinato de Welinton Dias Silva, de 24 anos, baleado pela PM na região da Grande São Pedro, em Vitória. A instalação de equipamentos de rastreamento, áudio e vídeo nas viaturas e uniformes dos agentes de segurança civil e militar também foi uma reivindicação feita pela Unidade Negra Capixaba em 
reunião com o governador Renato Casagrande (PSB) após o homicídio, no Palácio Anchieta.

A reivindicação também foi feita por diversas entidades da sociedade civil em setembro último, quando o secretário estadual de Governo, Álvaro Duboc, se comprometeu com lideranças comunitárias do Território do Bem, em Vitória, a marcar uma reunião com o governador e o secretário de Segurança Pública, Marcio Celante Weolffel, após as eleições. A reunião no Território do Bem foi motivada pela atuação violenta da Polícia na região, uma vez que os moradores relataram que a PM estava entrando em casas da região sem apresentar mandado, além de atirarem a esmo, amedrontando os moradores.

A militante do Movimento Nacional de Direitos Humanos no Espírito Santo (MNDH/ES), Galdene dos Santos, afirma que Álvaro Duboc chegou a contatar o grupo após as eleições, mas não garantiu a participação do govenador na reunião, entretanto, as organizações fazem questão da presença do gestor.

DPES defende instalação de equipamentos em uniformes e viaturas

Ação civil pública visa garantir monitoramento das ações das forças de Segurança e material comprobatório de casos de violência 
https://www.seculodiario.com.br/seguranca/dpes-defende-instalacao-de-equipamentos-de-monitoramento-nos-uniformes-e-viaturas

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Comentários: 2

Mauro Pereira da Silva em Terça, 31 Janeiro 2023 07:09

Esta juiza claramenre protege os desmandos e a violência da PM.
Coisa vergonhosa.

Esta juiza claramenre protege os desmandos e a violência da PM. Coisa vergonhosa.
Carla em Sexta, 03 Fevereiro 2023 11:12

Correta atitude. Não a inversão de valores. Tem que colocar câmera em quem usa tornozeleira eletrônica e que sai das penitenciárias para cometer crimes (que não são poucos). Temos que valorizar nossos policiais que dão a vida diariamente.

Correta atitude. Não a inversão de valores. Tem que colocar câmera em quem usa tornozeleira eletrônica e que sai das penitenciárias para cometer crimes (que não são poucos). Temos que valorizar nossos policiais que dão a vida diariamente.
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