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Consema autoriza supressões de vegetação apenas com autorização do Idaf

Sob o pretexto de agilizar o licenciamento de barragens e outras obras de utilidade pública e interesse social, como estradas e estações de tratamento de esgoto, o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) aprovou uma Resolução que restringe ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) a competência para autorizar a supressão de vegetação, excluindo do próprio Consema a responsabilidade de apreciação dos processos, como sempre aconteceu.

A medida foi aprovada na reunião ordinária do Conselho, realizada nessa segunda-feira (3), a primeira do ano, e vale para fragmentos de Mata Atlântica em estágios inicial e médio de regeneração, em áreas de até três hectares, e para árvores isoladas ou em renque localizadas em Áreas de Preservação Permanente (APPs).

A princípio, a resolução abarcaria apenas áreas de até um hectare, como proposto pela Câmara Técnica Jurídica. Mas a emenda da Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), aprovada pela Plenária, ampliou para três hectares.

Outra emenda de Plenário sugeriu excetuar a mineração, para que os cortes rasos de vegetação nativa solicitados para implementar projetos de extração de rochas, continuassem sendo apreciados pelo Consema, independentemente do tamanho. A proposta, no entanto, foi derrotada por doze votos a cinco.

“É um Cavalo de Troia da mineração”, protesta o sociólogo José Marques Porto, representante da Associação Nacional de Amigos do Meio Ambiente (Anama) e autor da emenda contrária à mineração, ao afirmar que, “atrás da boa intenção de facilitar a construção de barragens” vem o favorecimento a essa atividade altamente poluidora.

Precaução

“É um retrocesso e uma atitude totalmente contrária ao discurso do Reflorestar”, avalia, destacando que o próprio representante da Secretaria de Estado de Governo (Seg) votou a favor da emenda derrotada.

Recentemente, o próprio Conselho Regional de Meio Ambiente – Regional V (Conrema V) autorizou corte de mais de um hectare de vegetação na bacia hidrográfica do Rio Santa Maria, para atividade de mineração.

São casos como esse, cita o ambientalista, que explicam porque o Espírito Santo mais do que dobrou a área desmatada, segundo o último levantamento da ONG SOS Mata Atlântica. “O princípio da precaução passa longe do Consema, que cada vez é mais um órgão operacional dos interesses do capital e do Estado”, indigna-se o conselheiro. 

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