O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fez uma marcha de protesto na manhã desta quarta-feira (5) em Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado). Apoiaram a marcha estudantes, sindicalistas e representantes de igrejas. Os manifestantes foram às ruas com o objetivo de denunciar a contaminação de famílias assentadas, que foram literalmente pulverizadas pelo fazendeiro Martim Adalmo Venturim, que continua impune.
Segundo o MST, em junho deste ano, 75 famílias foram vítimas da pulverização no assentamento José Marco de Araujo dos Santos, situado dentro da Fazenda Santa Maria, em Presidente Kennedy. O fazendeiro Marim Adalmo Venturim teria ordenado aos seus funcionários que se aproximassem do assentamento com o trator carregado de agrotóxico.
Na ocasião, 18 pessoas foram hospitalizadas, entre elas, crianças e uma grávida de seis meses, que acabou perdendo o seu bebê.
Segundo o MST, a reação do fazendeiro se deve a insatisfação com a decisão do Incra, em 2009, que destinou 14 hectares da área para a construção do assentamento. Atualmente, a questão está sob análise do Superior Tribunal de Justiça (STF).
Porém, diante da impunidade das ações do fazendeiro a pressão sofrida pelas famílias é cada vez maior. As famílias denunciaram, na última semana, a contaminação da água utilizada para beber.
“Eles soltaram o gado para cá e uma vaca atolou onde nós tiramos a água pra beber. Ela se machucou muito e não tinha condições de ser removida sem ser sacrificada. Pedimos ao fazendeiro, mas isso não ocorreu a tempo de evitar a contaminação. Ao todo, a vaca ficou lá uma semana adoecendo e contaminando a água”, contou um dos assentados que preferiu não se identificar, temendo represálias.
Circula entre os assentados que a pressão se dá também sob o meio ambiente, visto que os venenos jogados nas famílias também são despejados indiscriminadamente próximos às áreas de floresta na região, poluindo o solo e a água.
Segundo o MST, o movimento está mobilizado para pedir a agilidade da Justiça e denunciar à sociedade os crimes cometidos pelo fazendeiro.
Para o coordenador do MST, Marco Carolino, o movimento cobra o respeito ao direito dos assentados já estabelecido pela emissão de posse da área.
A pulverização das famílias já foi denunciada ao Incra e à Ouvidoria Agrária Nacional, que vem acompanhando o processo por meio do trabalho do desembargador Gercino José da Silva.