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Mulheres se unem para fortalecer quintais produtivos urbanos

Iniciativa Nossos Quintais teve início a partir de mulheres em Vila Velha para fomentar cultivos e economia solidária

“O quintal é um espaço de produção de alimentos e também de cuidados”, diz Daiane Eilert, moradora de Barramares, na Região 5 de Vila Velha. Foi lá que ela e outras mulheres deram início à iniciativa Nossos Quintais, que está articulando o fortalecimento destes locais, apontados como “espaços de acolhimento, fonte de alimentação, convivência saudável, criatividade, socialização e preservação de memórias bioculturais”. Atualmente são cinco quintais produtivos que estão ativos no projeto iniciado no ano passado.

Dois ficam em Barramares, um em São Conrado e um na Ocupação Vale da Conquista, todos na Região 5, além de outro em Gramuté, no município de Fundão. A intenção inicial, conta Daiane, era construir uma horta comunitária na região, porém, a forma mais fácil de fomentar os cultivos num primeiro momento foi olhar para quem já produzia, por meio de seus quintais. “É uma característica da região. Fui atrás dessas pessoas, todas elas mulheres, que já plantavam em seus quintais e a gente começou a fomentar mais. De um canteiro para dois, logo para três. Tudo dentro da possibilidade de cada uma de acordo com o espaço disponível”, conta ela. Os quintais vão desde espaços amplos com terra, até áreas sombreadas ou com pouca disponibilidade de água ou terraços onde o cultivo precisa ser em vasos. 

Ação para criação de novos canteiros num dos quintais produtivos. Foto: Divulgação

O primeiro passo foi fortalecer a produção que existia, trabalhando coletivamente em cada quintal para que pudesse melhorar seus plantios, estruturando os canteiros já existentes e criando novos.

Além da produção de alimentos saudáveis ao alcance das mãos, ela explica que muitas das mulheres também produzem crochê, artesanatos e outras manualidades, na maioria das vezes desenvolvidas usando as estruturas dos próprios quintais. “Então resolvemos fazer uma rede em que pudéssemos ensinar cada uma o que sabia para as outras e pensar formas de gerar renda para se manter por meio de uma economia solidária. Quase todas fazem um ou outro bico para sobreviver”, conta ela, que é responsável pelo Quintal Produtivo Ecopoético – cada quintal tem sido nomeado pelas próprias mulheres.

Depois do início do projeto com o fortalecimento dos quintais, foi fomentada a criação de uma horta comunitária no espaço do projeto Tons de Amora, no bairro de Jabaeté, também na região, após um mutirão em parceria com a Rede Urbana Capixaba de Agroecologia (Ruca). O Nossos Quintais ajudou a fazer a ponte com as mulheres participantes de sua iniciativa com o Tons de Amora para que possam participar de suas atividades, que incluem palestras, oficinas e apoio com cestas básicas. Dos quintais produtivos estão também vindo a maioria das mudas que ajudam a fomentar a horta comunitária.

As mulheres do Nossos Quintais já realizaram um bazar para comercializar suas produções, gerando também recursos para um fundo coletivo para apoiar novas atividades. No dia 10 de fevereiro, participam de uma feira na sede do Tons de Amora e antes disso vão se juntar também para realização de um mutirão de um dos quintais que fazem parte da rede, usando a estratégia de trabalho conjunto e coletivo para estimular e melhorar cada espaço. 

Mulheres se uniram para planejar juntas o desenvolvimento de seus quintais e a economia solidária. Foto: Divulgação

Em um dos quintais já foi possível colher hortaliças, rabanete, alface, almeirão. Outro possui alimentos mais resistentes e menos dependentes de água, como batata doce, aipim, araruta e árvores de frutas. Outros estão focando na produção de ervas medicinais e temperos, tentando aproveitar ao máximo o local para a produção, sem deixar de cuidar dos espaços para trabalho, trocas e vivências. Ampliando a diversidade dos produtos, elas vão também promovendo trocas, aumentando o consumo de alimentos saudáveis e locais, sem uso de agrotóxicos nem necessidade de custos financeiros e socioambientais do transporte de comida.

Um dos desafios, considera Daiane, é como pensar dos quintais para fora. Cuidar de cada um, mas também pensar nas relações que essas mulheres possam nutrir com outras para potencializar os saberes e fazeres de forma coletiva.

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