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Vale marca nova reunião com lideranças indígenas e protesto em ferrovia é paralisado

A Vale enviou nesta quinta-feira (27) às aldeias de Comboios e Córrego do Ouro, em Linhares (norte do Estado), um mandado de reintegração de posse da ferrovia que corta as aldeias, bem como uma proposta de reunião com as lideranças indígenas para a próxima segunda-feira (31) às 9 horas. A proposta foi acatada pelos índios que, diante da abertura de diálogo por parte da empresa, optaram por interromper os protestos até que um acordo seja firmado entre as duas partes. Os caciques, entretanto, prometem retomar a manifestação na linha férrea caso não haja acordo.

Neste acordo com a mineradora para a desocupação da linha férrea, os índios permitirão que uma equipe de vistoria visite e repare os trilhos desmontados e que um trem da empresa faça uma viagem de ida e volta às 18 horas da próxima segunda-feira.

Diferente do que afirmaram os índios nessa quarta-feira (26), a ação civil pública que exige que a Vale pague a indenização às aldeias está pronta mas, diante da abertura de diálogo por parte da mineradora, o processo ainda não foi ajuizado no Ministério Público Federal (MPF), como esclareceu o procurador da República que acompanha o caso, Almir Sanches.

A indenização requerida pelos índios é referente ao uso das terras indígenas pela estrada de ferro da Vale há 30 anos, sem qualquer tipo de compensação. Em uma reunião entre a mineradora, os índios, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o MPF, a indenização foi firmada no valor de R$ 19 milhões, que serão empregados no Plantar, projeto de manutenção da agricultura indígena, essencial para manter viva a cultura das aldeias. Sem apoio do poder público e com os impactos gerados por décadas pelos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria), o desenvolvimento de projetos de agricultura é a única alternativa deixada aos índios para que garantam a subsistência das aldeias.

A ocupação à ferrovia da Vale completa nove dias nesta quinta-feira. A Vale já cancelou duas reuniões. Na primeira, por um telefonema, quando enviou, também, por mensagem SMS, uma contraproposta de R$ 400 mil, valor irrelevante para o desenvolvimento do Plantar. Por conta disso, os índios optaram por fechar, em forma de protesto, a estrada de ferro da Vale que corta as aldeias.

Na segunda vez, a Vale desmarcou um encontro agendado para esse domingo (23), em contato feito por seus advogados ao procurador Almir Sanches. Essa reunião atendia à proposta de diálogo e de desocupação da ferrovia da própria mineradora. Diante de mais uma ação desrespeitosa, os índios, que haviam desocupado a ferrovia, retomaram a ocupação.

Durante os dias de ocupação, os índios acusaram a Vale de protelar a situação e ainda ameaçar usar força policial para retirá-los dos trilhos da ferrovia. A empresa também determinou sobrevoos de helicópteros nas terras demarcadas.

Os índios reiteram que este é um protesto pacífico e, não à toa, cessaram as ocupações em todas as vezes que a mineradora demonstrou uma abertura de diálogo.

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