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‘Acusações são absurdas’, diz capitão da PM ao ser notificado de processo

Movimento Policiais Antifascistas, integrado pelo capitão Sousa, quer mais cidadania para o setor

Arquivo Pessoal

“Refuto todas as acusações, são um verdadeiro absurdo”, desabafou o capitão da Polícia Militar Vinícius Sousa, ao receber nesta terça-feira (17) a notificação do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) de Rito Sumário a que será submetido por ter participado de manifestações contra o governo Bolsonaro, de acordo com Portaria 073/2021. O prazo de conclusão do processo é de 30 dias, segundo o documento, assinado pelo corregedor encarregado do processo, coronel Moacir Leonardo Vieira Barreto de Mendonça.


Após tomar conhecimento mais detalhado do conteúdo processual, ele vai montar sua defesa com base no exercício de um direito garantido pela Constituição, segundo disse a Século Diário. As denúncias apresentam postagens em redes sociais e fotografias de atos promovidos por movimentos sociais.

“Como cidadão, é um cerceamento de meus direitos à opinião e à  manifestação. Como policial militar, é uma perseguição por minhas convicções políticas”, comenta o capitão, e destaca: “Vou formular defesa e apresentar no processo mostrando isso tudo”.

O processo também insere fotografias da última manifestação “Fora Bolsonaro” em Vitória, ocorrida em 24 de julho, da qual ele participou, e também de atividades do Movimento Policiais Antifascistas, formado por militares de várias patentes, policiais civis e rodoviários federais, agentes penitenciários e guardas municipais.

Em um dos trechos, o capitão Sousa aparece com o deputado federal Helder Salomão e a deputada estadual Iriny Lopes, ambos do PT. As acusações apontam que ele desenvolveu atividades que visaram “conspurcar a imagem da Corporação, publicar e distribuir conteúdo que atenta contra a disciplina e a ética, promover e participar de manifestação individual e coletiva criticando autoridade militar ou civil com termos ofensivos, pejorativos ou desrespeitosos, combinado com atividade político-partidária”.

“O que me deixou mais chocado foi a utilização de fotos do deputado Helder Salomão e da deputada Iriny, como se isso fosse prova de que eu estou afrontando a imagem da instituição. A que ponto chegou esse negócio?”, questiona o capitão.

O capitão Sousa reafirma que não está ligado à área político-partidária e destaca que, como qualquer manifestação, o Movimento Policiais Antifascista faz pressão sobre pautas de interesse coletivo, mas sem o objetivo de s transformar em partido político. “O movimento faz o debate público e pressiona os atores da política institucional. Então nesse sentido aí, o movimento se relaciona, mas de forma independente, construtiva”.

Ele entende que o policial é trabalhador, deve ser inserido na faixa de todos os cidadãos, com direitos e deveres iguais. Nesse sentido, tem participado de atos em defesa de um conceito de cidadania mais abrangente, “plena”, para o setor. 

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