A executiva do PT capixaba se reuniu na noite desta terça-feira (18) para analisar o relatório eleitoral da primeira etapa do Processo de Eleição Direta (PED) do PT. Surpreendentemente, uma série de votos nas eleições do último dia 9 foram foram anulados pela Comissão Eleitoral sob a justificativa de que não atenderam os “requisitos do processo eleitoral”.
Foram cancelados votos nos municípios em Águia Branca, Alfredo Chaves, Barra de São Francisco, Governador Lindenberg, Ibatiba, Brejetuba, Pinheiros e Santa Teresa. Nessas cidades, Givaldo teve maioria dos votos.
Givaldo que havia saido do processo eleitoral com 51% dos votos passou a ter 48% de todos os votos do Estado. Nunes passou de 28% para 30,7%. Já a chapa de Coser passou de 19,87% para 20,83%. Isso daria uma soma de 51% entre as chapas de Nunes e Coser.
Com isso, a expectativa de que o partido homologasse a vitória da chapa “Pra voltar a Sonhar”, encabeçada pelo deputado federal Givaldo Vieira, não aconteceu e a anulação dos votos diminui o número de delegados eleitos pela chapa, que superava o número de representantes das outras três chapas inscritas no processo eleitoral.
Durante todo o dia, foi aumentando nos bastidores a desconfiança de que uma manobra estaria sendo armada. Afinal, foram quase dez dias até que o processo fosse oficialmente encerrado no partido. Também não é segredo na classe política que a grande quantidade de votos na chapa de Givaldo surpreendeu as lideranças petistas, sobretudo às ligadas a João Coser, que controlam o partido há mais de 10 anos no Estado.
Além disso, a ideia de romper com o governo Paulo Hartung (PMDB), uma das principais bandeiras do grupo de Givaldo, não agradava a cúpula petista, que até aqui, tem a maioria no diretório estadual.
Na primeira fase da disputa que elegeu as presidenciais e diretórios municipais e a chapa de delegados, o grupo de Givaldo recebeu 2.648 votos contra 1.477 da chapa do deputado estadual José Carlos Nunes (“Construindo um Novo Brasil”, CNB), e 1.039 votos da chapa do atual presidente regional do partido João Coser (“Alternativa para o Espírito Santo”). A Chapa Militantes pela “Reconstrução” alcançou apenas 54 votos.
Neste cenário, anterior à manobra desta terça-feira, mesmo que Nunes e Coser se unissem para a segunda etapa, não teriam votos para superar a chapa “Pra voltar a sonhar”. O grupo de Givaldo deve se reunir nesta quarta-feira (19) para decidir quais providências serão tomadas para tentar reverter a decisão da Comissão Eleitoral. Para alguns apoiadores, a vontade da militância não foi respeitada pela cúpula do partido.