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Ex-vice de Norma confirma que Ferraço foi o articulador de esquema em Itapemirim

Depois das revelações bombásticas de Yamato Ayub, irmão da ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub, um outro depoimento, agora da ex-vice-prefeita do município, Sandra Peçanha de Almeida Marvila, revela o grau de envolvimento do atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Theodorico Ferraço (DEM) nas fraudes em acordos para a recuperação de créditos tributários, alvo das investigações da Operação Derrama, que já indiciou 33 pessoas e prendeu 31.

Em depoimento prestado nas investigações da Derrama, a ex-vice-prefeita do município – que assinou o primeiro contrato com a CMS no exercício do cargo de chefe do Executivo itapemirinense em 2005 – confirmou a participação de Theodorico Ferraço nas negociatas que culminaram com a contratação da consultoria, principal investigada no esquema.

Na época da assinatura do contrato, Theodorico Ferraço ocupava o cargo de assessor especial de Planejamento da prefeitura – no hiato entre a saída da prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, cidade vizinha a Itapemirim, ambos no sul do Estado, que comandou até 2004, e a eleição para a Assembleia Legislativa, no pleito de 2006.

De acordo com Sandra Peçanha, o marido da então prefeita Norma Ayub tratava dos assuntos pertinentes aos contratos do município, em especial, ao acordo entre a prefeitura e a empresa CMS. O contrato milionário de consultoria, inclusive, teria sido motivo de atrito entre ela e a então prefeita, que teria utilizado a vice para assinar contratos em “situações de emergência”. “Para que assinasse sem ter tempo para análise dos documentos que eram vinculados a questões econômico-tributárias dos municípios”, contou a ex-vice-prefeita à Polícia Civil.

A ex-vice-prefeita revelou que os empresários Cláudio Mucio Salazar Pinto e Cláudio Mucio Salazar Pinto Filho – sócios da CMS – tratavam do contrato diretamente com Theodorico Ferraço, então assessor especial, e com o ex-secretário de Finanças, Eder Botelho Fonseca, que viria a ser nomeado pelo deputado como diretor financeiro da Assembleia após o encerramento do mandato de Norma Ayub, no final do ano passado. Tanto Eder quanto a ex-prefeita seguem presos.

Sandra Peçanha – que hoje é secretária de Administração Regional de Itaipava e Itaoca (distritos do município) – afirmou que ouvia nos corredores da prefeitura que “o ganho da CMS era imenso”. Fato que se comprovou durante as investigações, que revelaram um faturamento de R$ 2,5 milhões pela empresa apenas em Itapemirim.

“Por fim, confirma que todos os arranjos para a contratação da CMS foram feitos por TEODORICO FERRAÇO (sic) e sua esposa NORMA AYUB”, aponta o inquérito policial, já remetido para o Ministério Público.

O testemunho da ex-vice-prefeita ratifica as afirmações do irmão de Norma Ayub, o advogado Yamato Ayub Alves, que também denunciou a participação de Theodorico Ferraço no esquema. O cunhado do presidente da Assembleia também consta no inquérito da Polícia Civil. “Ferraço sempre assumiu o cargo de prefeito e usou sua esposa Norma como escudo e como instrumento de suas decisões, inclusive, em relação ao contrato com a CMS”, disse Yamato.

O relatório policial também demonstra o livre trânsito dos acusados de formação de quadrilha dentro do gabinete da Presidência da Assembleia. Em uma das interceptações telefônicas feitas nas investigações, o empresário Cláudio Mucio Salazar conversa com o então procurador do município e ex-secretário de Finanças, Eder Botelho – exonerado do cargo que ocupava na Assembleia nessa segunda-feira (21).

Na conversa, o sócio da CMS afirma que estava no gabinete de Ferraço e demonstra a influência do parlamentar em decisões do suspeitos até mesmo quando estava no Legislativo. A ligação teria ocorrido no dia 19 de setembro do ano passado. 

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