Em fevereiro próximo, o Movimento Social Nova Política, que tem como principal expoente Marina Silva – ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula e presidenciável bem votada em 2010 – vai decidir se forma uma nova sigla no País. Hoje o movimento representa uma frente suprapartidária, mas Marina Silva defende a criação de um novo partido.
Aberto ao debate mais amplo, a virtual sigla conversa com lideranças que vão do Psol ao PSDB e pretende congregar pessoas descontentes com a atual política que é feita no País. Mais do que um novo espaço de debate, algumas lideranças no Estado aguardam a criação do novo partido visando outra vantagem.
As lideranças que ocupam mandatos eletivos não podem mudar de partido devido à lei de fidelidade partidária. Mas a regra permite a migração em caso de criação de um novo partido, como ocorreu com o recém-criado PSD. Assim, abre-se uma janela de oportunidade para quem está insatisfeito em seu partido.
Em entrevista na semana passada a Século Diário, o deputado Euclério Sampaio (PDT) destacou o rigor da regra da fidelidade partidária, que classificou como “leonina”. Apesar de se sentir desprestigiado no PDT, o deputado não pode deixar o partido, pois correria o risco de perder o mandato na Assembleia por infidelidade.
Ainda no PDT, o deputado federal Carlos Manato adotou uma postura de rebeldia. Embora o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, correligionário de Manato tenha disputado e perdido a reeleição no município da Serra, o parlamentar apoiou a candidatura de Audifax Barcelos (PSB). O deputado nas duas últimas eleições não teve o apoio da Executiva do partido para ser reconduzido à Câmara e por isso, não se sentiu obrigado a apoiar Vidigal.
Mas nem sempre a criação de uma nova sigla significa caminho aberto para toda a classe política. Em 2011, o PSD foi criado pelo então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, insatisfeito no DEM. O partido teve um crescimento significativo no País na eleição de 2012, mas no Estado capixaba não alcançou voo muito alto.
O coordenador da sigla no Espírito Santo, Enivaldo dos Anjos, adotou uma política de formação de lideranças, privilegiando figuras novas na política. O desempenho do partido na disputa de 2012 ficou aquém do esperado se comparado com o resto do País.
Na formação do novo partido de Marina Silva, a abertura para as lideranças e o assédio a figuras como a vereadora de Maceió (AL), Heloísa Helena e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), mostra que o futuro partido está pronto para conversar com novas e já conhecidas lideranças políticas, o que torna a virtual sigla atraente também no Estado.