terça-feira, junho 24, 2025
23.9 C
Vitória
terça-feira, junho 24, 2025
terça-feira, junho 24, 2025

Leia Também:

Papo de RepórterCasagrande e Hartung buscam votos dos indecisos

Rogério Medeiros e Renata Oliveira
 
Embora Hartung tenha uma boa vantagem na disputa, falar “já ganhou” a um mês da eleição é perigoso. Papo de Repórter discute os rumos da campanha em um novo cenário político. 
 
 
Renata – Neste último mês de campanha, aquele clima morno do início do processo deve esquentar. A pesquisa Brand/Século Diário, divulgada nessa terça-feira (2), mostrou que o cenário segue polarizado, porém, com a estagnação entre os principais candidatos Renato Casagrande (PSB) e Paulo Hartung (PMDB). Isso mostra que aquele clima de “já ganhou” do Hartung não deu certo, não conseguiu sensibilizar o eleitor e não atingiu a meta de provocar a corrida do voto útil para sua candidatura, garantindo a vitória no primeiro turno. O número de indecisos ainda é muito alto, 40% dos entrevistados não sabem em quem votar 
 
Rogério – As coisas de Hartung são sempre feitas neste clima de artificialidade. Ele passou oito anos falando em crime organizado, governou com ameaça constante, o que gerou uma política maniqueísta, quem estava contra ele era do crime organizado. Com isso, esse cenário foi tomando corpo e ele foi governando sem precisar dar soluções para os principais problemas do Estado como saúde, segurança, educação. Governou com o rótulo de “salvador do Espírito Santo”. Mas o crime organizado passa por seu governo com incentivo fiscais, apartamento, Presidente Kennedy, Posto Fantasma. Este é o verdadeiro crime organizado.
 
Renata – Pois é. Eleitoralmente falando, essas situações do governo Paulo Hartung são temas que apontariam para a fragilidade de seu palanque. Desconstruir o discurso do ex-governador é uma missão fácil. Mas desde o início da disputa o governador Renato Casagrande tem evitado esse confronto. Os dois parecem ter feito um pacto de não agressão…
 
Rogério – E você tem dúvidas?
 
Renata – Não, não tenho dúvidas. Além de serem representantes do mesmo projeto político, que privilegia a elite capixaba, há uma outra questão política incutida aí. Casagrande, se for para o ataque, acaba sendo respingado. Porque tão ruim quanto a ação é a omissão. Como governador ele passou o tempo todo blindando seu antecessor. Então, como Casagrande vai cobrar a questão do Posto Fantasma, se na época ele disse que aquilo teria utilidade? Esse é só um exemplo, das muitas vezes em que Casagrande pagou a conta deixada sobre a mesa.
 
Rogério – Renata, o problema é o seguinte. A eleição está entre os dois, não há como surgir uma outra construção que não seja essa. É Paulo Hartung e Casagrande, com todos esses cuidados que um tem com o outro. Temos que repor o momento. Como Paulo bateu com a cabeça no teto em seu projeto de ganhar no primeiro turno com os votos úteis, a coisa agora está aberta para uma série de rearrumações, tanto do Paulo quanto do Renato…
 
Renata – Então você acredita que pode ainda haver um confronto entre os dois, passando seus governos a limpo até o dia da eleição? 
 
Rogério – Não, eles agora não têm mais confronto. Eles sentiram que há 40% para eles disputarem para ganhar a eleição. Hartung já fez uma mudança. Ele não está mais falando do passado, está falando do futuro. Ele abriu mão do passado, que ele vinha construindo na campanha. A eleição vai passar por quem  tem melhor proposta para o novo governo. Tem um processo de acidentes de percurso, como Marina Silva (PSB) e Paulo Hartung se afastando de Aécio Neves (PSDB). Aliás, não sei como ele vai fazer para se livrar do Aécio. Aécio está vivo. Até a entrada de Marina, ele achava que Aécio ia ganhar a eleição, mas agora não é assim. E o que ele vai fazer com César Colnago, que é tucano e vice dele? Você tem dúvida de que Colnago não vai aparecer no programa dele?
 
Renata – Não vai. Colnago está nesse jogo não por uma questão partidária. Nunca foi seu objetivo garantir o palanque de Aécio. Com o grande risco de não se reeleger para a Câmara dos Deputados, sua colocação como vice é mera questão de sobrevivência política…
 
Rogério – Diferentemente de Renato, que privilegia seu vice. Você já viu Hartung com Colnago? Colnago tem a missão de eleger Guerino Balestrassi como deputado federal. Que, aliás, fez novamente uma escolha errada. Era o cara da Marina no Espírito Santo, mas deu uma solene banana para ela, foi para o lado do Aécio. Mas vamos esquecer esses acidentes como Colnago e Balestrassi e nos ater a tentar dar uma ideia do que vai acontecer daqui para frente. 
 
Renata – Mas, o “acidente” Marina é muito importante para esse processo eleitoral polarizado no Estado. Enquanto Hartung afogou seu presidenciável, o governador Renato Casagrande quer virar amigo de infância de Marina Silva. Ela apareceu na pesquisa Brand/Século Diário como franca favorita na disputa presidencial. Evidentemente, o voto de Marina hoje é mais emocional do que nunca, e voto emocional é muito difícil prever sua capacidade de transferência. Mas ter a candidata favorita no Estado à Presidência é um reforço e tanto para quem precisa conquistar cerca de 10 pontos para levar a disputa para o segundo turno. 
 
Rogério – Agora chegamos em um ponto muito interessante. Há um personagem chamado Roberto Carlos (PT). Se ele conquistar uns 10% do eleitorado, do jeito que os dois estão se engalfinhando, vai dar segundo turno. O ex-prefeito João Coser (PT) foi a São Paulo reivindicar a retirada do apoio do partido ao Roberto Carlos, para o apoio ao Paulo Hartung, com o compromisso de que Paulo vai apoiar Dilma no segundo turno.
 
Renata – Em se tratando de Paulo Hartung, que negou o PT três vezes em eleição presidencial, igual a Pedro que negou Cristo, você realmente acredita que o PT nacional vai aceitar uma coisa dessas?
 
Rogério – Até poderia aceitar, porque precisa de votos para Dilma, mas não é o caso. O que Paulo está armando é garantir um palanque presidencial para ele no segundo turno. Ele terá que enfrentar Renato Casagrande com Marina sorrindo ao seu lado e ele terá que ter a Dilma do lado dele. 
 
Renata – E o que ele faz com o Colnago?
 
Rogério – Ele já teve situações semelhantes a essa e acabou com os caras. Isso não vai ser problema para ele. Seria mais um que  Hartung faz desaparecer do cenário político. Tem uma coisa que precisa ficar bem patente. Quando a nacional do partido fez consulta sobre o segundo turno entre Casagrande e Hartung, a maioria das lideranças do PT disse que iria com Renato Casagrande.
 
Renata – É muita clandestinidade para uma eleição só…

Mais Lidas