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Surpresa para quem?

Chama atenção a incredulidade de algumas pessoas na possibilidade de haver um “acordão” entre o governador Paulo Hartung (PMDB) e o ex-governador Renato Casagrande (PSB) para evitar um embate no processo eleitoral de 2018. Como se trata de política e em uma situação em que os agentes públicos estão em viés de baixa, tudo que puder ser combinado antes de a campanha ir para a rua será feito. Vale até mesmo encontrar acomodações entre adversários do passado, que juraram afastamento eterno.
 
Um processo polarizado com Hartung, Casagrande mais uma meia dúzia de políticos capixabas citados nas delações da Odebrecht não seria interessante para nenhum dos lados. Além disso, Hartung tem problemas mais sérios para pensar do que sua birra com o socialista. Casagrande está na planície, um lugar onde Hartung mesmo já esteve entre 2010 e 2014 e sabe muito bem o quanto isso desgasta a imagem de um político. Tanto que teve de desconstruir a de Casagrande e articular uma estratégia eleitoral desgastante e cara para voltar ao poder.
 
A preocupação principal do governador hoje é a senadora Rose de Freitas (PMDB), essa sim, tem ferramentas para tirar o poder de Hartung. Além disso, o governador tem problemas em sua gestão, está com a imagem arranhada com o eleitor capixaba, precisa de um campo livre de embates para garantir o que ainda pode conseguir na eleição do próximo ano: a reeleição. Se tiver uma candidatura contrária, que tenha apoio político e discurso contra ele, o governador, mesmo com a máquina na mão, teria dificuldade em se reeleger.
 
Sem ter como atacar diretamente Rose, e ainda por cima pode sair a qualquer momento do PMDB, deixando o partido e a condição de candidatura livres para a peemedebista, o governador tenta enfraquecer seu grupo de apoio e aí vale, sim, passar por cima do orgulho ferido na eleição de 2014 e oferecer uma chance que Casagrande em um grupo de oposição não teria condições: disputar o Senado. Até porque, uma vez tendo tirado Rose do caminho, descartar Casagrande poderia ser uma ação posterior.
 
Se o caso Michel Temer e Rodrigo Maia não serviram para mostrar como a política pode ser dinâmica e amigos hoje, inimigos amanhã e vice-versa, não sei mais o que pode convencer os que ainda veem romantismo na política.
 
Fragmentos:
 
1 – O ex-governador Renato Casagrande (PSB) vem participando de debates pelo interior para debater a conjuntura política do país e falar sobre investimentos durante seu governo. Nessa segunda-feira (10), foi a vez de Linhares, no norte do Estado.
 
2 – No meio dessa confusão do PDT entre os deputados e o partido, Josias Da Vitória está tranquilo. O parlamentar não tem amarras com o governo e parece estar de saída do partido. Para o PPS – ele vem conversando com o prefeito de Vitória Luciano Rezende –, que precisa de um deputado federal, o caminho parece ser tranquilo.
 
3 – A Federação das Associações de Morados da Serra (Fams) realizou no último sábado (8) o Planejamento Estratégico da entidade, com a presença da diretoria, conselheiros, coordenadores e secretários de áreas. Tudo transcorreu em clima de harmonia, bem diferente do processo eleitoral para a direção da entidade.

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