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Candidatos têm poucas propostas para prevenção e tratamento do HIV

Apenas quatro concorrentes citam a questão nos quatro maiores municípios da Grande Vitória

Apenas quatro candidatos à prefeitura dos quatro maiores municípios da Grande Vitória, que são Cariacica, Vila Velha, Vitória e Serra, apresentam, em seus planos de governo, propostas específicas para prevenção e tratamento do HIV. São eles: Euclério Sampaio (MDB), candidato à reeleição em Cariacica; e Nicolas Trancho (Psol), em Vila Velha; Capitão Assumção (PL), na Capital; e Wilson Zon (Novo), na Serra.

O integrante do Conselho Estadual de Saúde e das coordenações nacional e estadual da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, Isaque de Oliveira, aponta que a proposta mais significativa é a de Nicolas Trancho, que é ampliar o atendimento por região de saúde para pessoas vivendo com HIV/IST’s, criando outras unidades de referências pelo município. Isaque acredita que a expansão do atendimento pelo território pode trazer mais possibilidades de as pessoas terem acesso à prevenção e tratamento.

Ela destaca que o Centro de Testagem e Aconselhamento em IST/Aids (CTA) de Vila Velha fica no centro. Portanto, pessoas que moram em lugares mais distantes, como a região da Grande Terra Vermelha, muitas vezes têm dificuldades para se deslocar até lá, por não ter dinheiro para pagar a passagem. O integrante do Conselho Estadual de Saúde diz, ainda, que a dificuldade de mobilidade é presente também nas outras cidades, portanto, defende que a proposta deveria constar nos planos dos outros candidatos, independente do município no qual concorrem.
A outra proposta de Nicolas Trancho é aprimorar os programas de atenção integral à saúde da criança e do adolescente, da mulher, do adulto, do idoso, do trabalhador, da população negra, das pessoas com deficiência, IST/Aids e de saúde mental. Para Isaque, trata-se de uma proposta vaga. “Aprimorar o que? O espaço? O tratamento?”, questiona.
Wilson Zon fala em “Reestruturar os Programas da Atenção Secundária (Diabetes, Hanseníase, Tuberculose, IST/AIDS e hepatites virais), com equipes multidisciplinares para assegurar atendimento completo e de qualidade aos usuários”. O fato de se remeter à garantia de uma equipe multidisciplinar faz da proposta, segundo Isaque, algo que vai ao encontro das pessoas vivendo com HIV. De acordo com ele, quando não há um determinado profissional no CTA, a pessoa tem que ser encaminhada para a Unidade Básica de Saúde, onde, muitas vezes, ao declarar que vive com HIV, o usuário acaba sendo discriminado.
Capitão Assumção tem uma proposta semelhante, que é de “reestruturar os Programas de Atenção Secundária (diabetes, hanseníase, tuberculose, IST/Aids e hepatites virais”, não trazendo nela, ao contrário de Wilson Zon, a previsão de atuação de equipe multidisciplinar, o que, para Isaque, deixa a proposta “vaga).
Euclério Sampaio propõe capacitar os profissionais que atuam nas Atenção Primária para a realização dos Testes Rápidos para HIV/Hepatites Virais e Sífilis as ISTS. Isaque aponta que essa capacitação já é feita em todos lugares, mas é importante que ela se mantenha constantemente.
Uma proposta que nenhum candidato apresenta, alerta Isaque, é a de campanhas educativas sobre prevenção e tratamento do HIV, com informações sobre a Profilaxia Pré Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós Exposição (PEP). A primeira é tomada diariamente, como forma de precaução, mesmo sem haver exposição ao risco. A segunda é pós-exposição, em situações como relação sexual sem camisinha ou com rompimento do preservativo. Nesse caso, são três antirretrovirais, que devem ser tomados entre 28 e 30 dias após a relação. Tanto a PrEP quanto a Pep podem ser adquiridas gratuitamente nos centros de referência.
Outra informação que precisa ser disseminada por meio de campanhas educativas, defende Isaque, é sobre os antirretrovirais, tomados diariamente e que deixam a carga viral indetectável, ou seja, os exames não conseguem detectar a circulação do vírus no organismo. Essa condição permite à pessoa ter uma vida normal, não transmitindo o vírus até mesmo em relações desprotegidas. Para Isaque, hoje, o que mata as pessoas que vivem com HIV não é o vírus, mas o preconceito.
“O preconceito vem da falta de informação, de campanhas educativas. O HIV não ataca somente o sistema imunológico, mas também o psicológico quando as pessoas sofrem preconceito. Muitos se matam ou param de tomar os antiretrovirais por causa disso”, lamenta.

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