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Governo ainda não sinaliza aumento de investimentos em atenção primária

Secretário Nésio Fernandes anunciou, nesta segunda-feira, monitoramento de pacientes com oxímetros domiciliares

Sesa

Ainda não há qualquer anúncio, por parte da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), de aumento dos investimentos em Atenção Primária em Saúde (APS), apesar de sua importância para evitar o agravamento dos casos da doença e a redução da pressão sobre os leitos de UTI

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, explicou que “a atenção primária, desde o início da pandemia, tratou de se organizar para atender os pacientes do Covid, dadas as suas limitações e características, e as limitações e características que a própria pandemia apontou”. 


Num primeiro momento, relatou, “as unidades básicas de saúde foram orientadas a organizar fast tracks, formas de acesso rápido, para que os diagnósticos dos casos leves principalmente fossem feitos na atenção primária, e demonstraram muito sucesso de acompanhamento da APS”. 
O município de Vitoria, salientou, é um destaque, por ter conseguido fazer um número maior de notificações de casos do que os notificados pelas unidades de pronto-atendimento de hospitais. “É um município que tem cobertura importante da atenção primária e conseguiu garantir um telemonitoramento por telefone aos pacientes confinados e suspeitos de Covid e conseguiu ter um papel destacado na garantia do acesso”, disse.

Apenas 62% da população capixaba é atendida por agentes comunitários de saúde – profissionais que são o principal elo entre o cidadão e a unidade de atenção básica. Considerando a população de pouco mais de quatro milhões de habitantes, a rede de unidades de atenção básica cobre 78,94% da população, já que cada equipe, que é complementado por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem, tem capacidade para atender até quatro mil pessoas.


Oxímetros domiciliares

Por parte da Sesa, que coordena o trabalho dos municípios nessa área, está sendo construída uma Agenda de Resposta Rápida em Atenção Primária em Saúde no combate à Covid – ARRAPS. A estratégia, disse o secretário, “aponta para a necessidade de avançar no monitoramento com oxímetros domiciliares para outras ações que possam garantir um diagnóstico mais oportuno da descompensação respiratória dos pacientes em isolamento domiciliar”.

A agenda contempla também ações para após a pandemia, com o retorno das atividades que tenham sido suspensas, e para o fortalecimento das atividades já realizadas, e está disponível para os 78 municípios capixabas, abordando diferentes aspectos da APS.

Segundo divulgado no portal da Sesa, o documento tem mais de 200 páginas e é um “checklist” que orienta as equipes de profissionais da APS em ações e diretrizes para fortalecer seu potencial indutor de promoção da saúde, prevenção de doenças, assim como o cuidado continuado às pessoas de seus territórios.

A chefe de Núcleo Especial de Atenção Primária da Sesa, Tânia Mara Ribeiro dos Santos, informou que o documento já foi distribuído aos municípios e os retornos recebidos sobre a iniciativa são muito positivos. “São ações para processos de trabalho para garantir a segurança no atendimento, tanto para profissionais quanto para usuários. Um exemplo é atendimento a doentes crônicos, serviço que não pode parar mesmo neste momento de enfrentamento de uma pandemia”.

A agenda conta, ainda, com duas cartilhas que podem ser utilizadas pelos municípios. Uma trata sobre qualidade de vida, com dicas sobre prevenção a doenças mentais que possam ocorrer neste momento de isolamento social, com exercícios simples que o cidadão pode praticar em casa. Outra apresenta exercícios respiratórios importantes que podem ser praticados por quem já teve a Covid-19, tudo indicado por fisioterapeutas.

Isolamento social deve ser mantido
Sobre a tendência de estabilidade da pandemia no Estado, Nésio Fernandes afirmou que ela pode evoluir para uma fase de recuperação, mas que, para isso, “precisa se manter por um tempo maior, de forma sustentada”. “Não é prudente para a proteção da vida que o Espírito Santo tome medidas sem a devida cautela, baseada apenas em uma tendência ainda não consolidada”, advertiu. 
O aumento da taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), registrada nos últimos três dias, pode ser reflexo da redução do isolamento social, avalia o secretário. “Havia uma tendência de estabilidade na Grande Vitória na semana passada, que poderia ser rompida com a redução do isolamento social e chegada de clima mais ameno. Houve de fato um aumento da ocupação de leitos de UTI, que pode estar associada à redução do isolamento social”, disse.

Sobre a menor disponibilidade de leitos no interior do Estado, em contraste com a maior população – os municípios fora da Grande Vitória somam mais de 50% da população, mas apenas 29% dos leitos hospitalares – Nésio Fernandes assegurou que a Sesa realiza uma correta “regulação do processo de deslocamento dos pacientes do interior para a Grande Vitória”.

“Hoje, estamos muito tranquilos e seguros que a estratégia definida no mês de março foi acertada e conseguiu acompanhar a evolução da pandemia. O Espírito Santo não colapsou, garantimos leito hospitalar a todos que precisaram”, declarou, mencionando uma quinta fase da expansão de leitos para o mês de julho, quando devem ser abertos mais 120 leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19, o que pode elevar o total para 820.

Em julho também está prevista a atualização da Matriz de Risco, que deverá atender a um comportamento heterogêneo da pandemia, com município com elevado crescimento do número de casos, outros com estabilidade e outros com possível recuperação. “Estamos estudando a matriz de risco para que ela possa ser adaptada a esta nova fase do Espírito Santo, especialmente na Grande Vitória, porque ela foi desenhada para uma fase de expansão muito rápida da pandemia. A nova matriz terá que atender a um comportamento heterogêneo do vírus”.

Painel Covid-19

O Painel Covid-19 confirmou nesta segunda-feira (6) 33 óbitos (1.836 no total até o momento), 1.154 casos confirmados (54.547 até o momento) e 1.279 pessoas curadas de Covid-19 (35.118 no total). Já foram feitos 121.109 testes, sendo 2.431 nas últimas 24 horas. O índice de letalidade está em 3,37% e a taxa de ocupação de leitos de UTI, em 85,86% na média estadual.

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