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Quilombolas pedem atenção do Estado às comunidades

Arilson Ventura, da Conaq, cobra teste em massa nas comunidades com casos confirmados de Covid-19

Apesar dos diálogos iniciados com o Governo Casagrande, os resultados ainda são poucos no apoio ao combate ao coronavírus nas comunidades quilombolas do Espírito Santo. Quem afirma é Arilson Ventura, coordenador da Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). “Estamos cobrando, nos reunindo com o centro de comando de combate à Covid do Estado, para ser feito um monitoramento com mais precisão dentro das comunidades, mas de fato isso ainda não ocorreu”, protesta o dirigente, que é da comunidade Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, sul capixaba.

Arilson reconhece que houve esforços do Governo a partir do diálogo com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos (Sedh) e o programa ES Solidário, que conseguiu realizar doações de cestas básicas para família mais necessitadas em algumas comunidades. Mas isso é considerado insuficiente pelos dirigentes quilombolas.

Um monitoramento que vem sendo feito pelo Projeto Africanidades Transatlânticas, ligado à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) a partir dos dados do painel do Governo do Estado, já identificou casos de Covid-19 em ao menos sete quilombos de seis municípios capixabas, sobretudo na Região Sul. Ao todo já se somam ao menos 46 infectados e três óbitos.

O caso mais grave continua sendo do quilombo de Graúna, em Itapemirim, que registra metade dos casos, 23, segundo o último levantamento. Lá foram registrados dois óbitos, sendo o outro em Araçatiba, comunidade em Viana. O último mapa nacional da Conaq indica cinco mortes de quilombolas no Espírito Santo. A diferença pode se explicar por conta de que alguns quilombos negaram que os mortos registrados fossem de suas comunidades. A contagem da Conaq já registra 127 óbitos no Brasil, com maior incidência no Rio de Janeiro e Pará, com 35 e 36 mortes, respectivamente.

No Espírito Santo, além de Viana e Itapemirim, também há registro de infectados em Anchieta, Santa Leopoldina, Presidente Kennedy e Cachoeiro de Itapemirim. Para Arilson Ventura, que também integra a Coordenação Estadual de Comunidades Quilombolas do Espírito Santo – Zacimba Gaba, uma ação importante seria a testagem massiva nas comunidades que possuem casos identificados, para que pudesse ser feito um isolamento mais eficaz, especialmente nos quilombos mais atingidos.

O Projeto Alimentares, lançado recentemente pelo Governo, também abriu uma possibilidade para que as comunidades, que são rurais, possam ter melhor destino para escoar a produção agrícola, já que serão realizadas compras de pequenos agricultores para serem doadas às comunidades em situação de vulnerabilidade em diversas localidades do Espírito Santo.

Outros apoios

Na espera de maior apoio do poder público, as comunidades seguem movendo as redes de solidariedade com a sociedade civil e outras entidades.

Ações dos projetos Africanidades Tansatlânticas e Jongos e Caxambus no ES, do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Ufes (Neab), e do Coletivo Afoxé já permitiram doações de máscaras para comunidades quilombolas no sul e no norte do Estado para fortalecer a prevenção ao vírus. Em parceria com o Laboratório de Práticas Digitais do Ceunes (campus da Ufes em São Mateus), também foi elaborada uma campanha educativa preventiva com o desenvolvimento e cartões virtuais para informar estas comunidades.

Por meio de projeto aprovado pelo Fundo Baobá, e com apoio da associação local, das entidades quilombolas e da Associação Juízes pela Democracia, a comunidade de Monte Alegre conseguiu adquirir kits de higiene com máscaras, álcool em gel, água sanitária, sabão em barra e sabonete que beneficiaram 526 pessoas na comunidade e foram enviados junto à material informativo. A comunidade já havia requisitado à prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim o apoio com a doação de máscaras, mas não obteve retorno satisfatório.

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