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Diretor da Associação de Cabos e Soldados atenta contra a própria vida

As implicações da greve da PM, ocorrida em fevereiro de 2017, se estendem até hoje. Um diretor da Associação de Cabos e Soldados (ACS) atentou contra a própria vida, na madrugada deste sábado (19), em Vitória. Familiares do praça acionaram a polícia e, segundo informações de militares que atenderam a ocorrência, foi preciso invadir a residência do PM e tomar sua arma. O policial foi socorrido e levado para o Hospital da Polícia Militar, onde passou pelo Pronto Socorro e, em seguida, foi encaminhado para a ala psiquiátrica, onde permanece internado e sedado. 
Este não é o primeiro caso de tentativa de suicídio envolvendo militares neste ano no Estado. E, segundo estimativas da ACS, as tentativas e os suicídios têm aumentado desde o fim da paralisação da tropa, quando teve início um forte período de perseguição e represálias do governo do Estado e do Comando da Corporação aos praças. Segundo estimativas da Associação, atualmente, 500 militares estão tendo acompanhamento psiquiátrico na própria Associação ou em outros serviços de saúde. 
Entre as mortes registradas, como aponta a entidade, está a da cabo Fernanda Ferreira Nunes, que tirou a própria vida em julho do ano passado, em Nova Itaparica, Vila Velha. Quatro meses depois, foi a vez do soldado Bonomo, que já havia sido internado por problemas psicológicos. Antes de usar a arma da corporação contra sua própria vida, Bonomo fez contato com o Ciodes aparentemente transtornado. Uma viatura foi enviada ao local, em São Torquarto, onde o praça vivia. Segundo relatos, o soldado viu a viatura, deu três passos e atirou contra si, ferindo-se gravemente. Bonomo foi levado para o Hospital São Lucas, onde passou por cirurgia, mas não resistiu.
“Há uma desesperança quase que unânime e sentimento de menos valia, de desvalorização do próprio trabalho é algo que se intensificou muito nos últimos tempos. A irritabilidade também é constante a ponto de, se não houver um tratamento para muitos policiais pode haver uma tragédia iminente. Inclusive muitos devem ficar afastados por isso. É algo temerário esses militares continuarem em serviço com o risco de homicídios e, principalmente, suicídios. Já presenciei esse último risco em dezenas de militares”, afirma o psiquiatra Bernardo Santos Carmo, que presta serviço para a ACS.
Praças perseguidos
De acordo com a direção da Associação de Cabos e Soldados, o governo do Estado e também o comando da Corporação continuam agindo com falta de diálogo com a tropa. Para dirigentes da Associação, enquanto os praças têm sido alvo de represália, processos administrativos e judiciais, o governo e o comando simplesmente “tapam os olhos” e fingem esquecer que “também haviam oficiais em porta de batalhões e companhias independente, incitando a paralisação. Assim como é sabido que mulheres de oficiais também estavam acampadas nesses locais”.
O próprio Capitão Lucínio Assumção afirmou, em seu interrogatório à Justiça na semana passada, que coronéis que estavam no comando de batalhões e companhias independentes e impediram militares de sair para o policiamento entre os dias 4 e 7 de fevereiro, também deveriam ser responsabilizados. Ele disse que tais oficiais chegaram a ser investigados pela Corregedoria da Corporação, mas o inquérito foi arquivado. Além disso, integrantes do governo também ficaram de fora de qualquer responsabilização. Para ele, houve “dois pesos e duas medidas”. 
“Existe uma hierarquia na PM, os praças cumprem ordens. Não é possível que o comando não poderia ter retirado um grupo de mulheres para sair para o policiamento. Os oficiais acharam que o movimento daria certo, mas depois recuaram. Essa investigação foi arquivada pela Corregedoria”, afirmou, após seu interrogatório na Justiça na última sexta-feira (18).
Os casos de depressão e doenças psicológicas também atingem os parentes de policiais militares. A Associação de Cabos e Soldados tem conhecimento de esposas de PMs que tentaram se matar. 

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