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ES sem PH?

O governador Paulo Hartung vive um momento crucial em sua vida política, fora de um pleito e atingido pela fragilidade eleitoral. O que nos leva a rever um pouco dessa história.

PH é um político que não formou sua vida pública conquistando a população, como ocorre de modo geral. Ele também nunca vestiu a roupagem de messiânico e muito menos de populista, entretanto, sempre fez o gênero de quem chegou para endireitar o Espírito Santo, que tem uma economia especulativa e pobre de industrialização.

Assim, criou um verdadeiro estado novo, a partir, principalmente, de sua visão de que alianças devem de ser feitas com quem realmente tem poder: a Justiça capixaba e o Ministério Público. Consolidou esta aliança aumentando enormemente o orçamento de ambos. Fortaleceu-se. Ninguém mais aguentou com ele. Fez o que o ex-prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas, caracterizou como Estado Bonapartista. 

Também usou com maestria as quatro principais multinacionais que atuam no Estado: a Vale do Rio do Doce, a Companhia Siderúrgica do Tubarão (hoje Arcelor Mitral), a Aracruz Celulose (Fibria) e a Samarco, que, para funcionar, precisavam – como ainda precisam – de um estado de inércia ambiental frente ao seu alto potencial poluidor.

Estas empresas também contribuíram com PH ao inibirem notícias negativas sobre o governo. Fato possível a partir do poder econômico delas junto à imprensa corporativa capixaba, por serem as maiores anunciantes. 

Com todo o poder conquistado por PH, a expressão de Luiz Paulo sobre o Estado Bonapartista, citada acima, reflete um quadro real de poder nunca antes exercido no Espírito Santo.

Tanto que PH passou a definir quem era do bem e quem era do mal. Criou o projeto Unanimidade, em parceira com parte do empresariado capixaba, que visava consolidar a ideia de que o Estado precisava de PH para crescer, projeto este que no qual também entrou o ex-governador Renato Casagrande (PSB), para fazer a dobradinha eleitoral. 

Assim, com tanto poder, PH aterrorizou a classe política capixaba do jeito que bem entendeu. Entretanto, o tempo mudou e mudou bravo. PH ficou sem condições de disputar uma nova eleição. O momento é outro. Basta olhar agora para os principais candidatos destas eleições.

Casagrande tornou-se competitivo à custa dele, na caminhada para o confronto com PH na urna. A senadora Rose de Freitas (Podemos) surgiu intempestivamente e já tem com ela parte da base de PH, aliança costurada com participação do deputado federal Lelo Coimbra (MDB), fortalecida agora com a adesão do secretário da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior (PSD). Já o deputado federal Carlos Manato (PSL) é bolsonarista e expert em política como poucos no Estado. 

Com esse povo, não tem para PH. O que lhe resta é adotar a Rose, o que não é nada fácil. Não há solução que lhe convenha, diferente do que sempre aconteceu, já que seu controle era absoluto. 

A situação está tão séria que há um movimento para transformar o presidente da ONG ES em Ação, Aridelmo Teixeira, em candidato de PH, apesar de sua falta de lastro político. Vale lembrar que esta entidade intermedeia repasse de recursos para a sustentação da vida política do governador.

Todo dia há gente da comunidade hartunguete na expectativa do assombro da descida da rampa do poder, fazendo pressão para que ele assuma a candidatura de Aridelmo como seu sucessor. 

Apostar em Aridelmo é muito difícil, agora que surge um vislumbre do  momento final de PH. Mas tratando-se de um recordista de eleição, a Era PH pode, finalmente, estar indo embora. Difícil, mesmo, é acreditar que ele vai  junto.  

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