“Quando eu disse ao caroço de laranja que dentro dele dormia um laranjal inteiro, ele me olhou estupidamente incrédulo”. Quem disse isso foi Hermógenes, um pensador. Teve um outro Hermógenes, também pensador, que procurava um homem honesto de lanterna na mão… Vivesse hoje no Brasil, ele precisaria de um holofote de estádio de futebol para achar um político honesto. Na época, o povo o chamava de louco. Hoje sabemos que loucos são os outros.
Quanto a nós, descuidados apreciadores dos benefícios da laranja, vamos por aí desperdiçando caroços, sem nos darmos conta de que dentro deles morrem laranjais, dando lugar a mais pistas asfaltadas para nossos carros – mais pressa, mais progresso, mais dinheiro, mais bens acumulados, mais poluição, mais desvios de verbas públicas. Mais bem intencionados, colibris, abelhas e borboletas vão espalhando caroços e semeando futuros pomares, que nos ocupamos em destruir para o bem da humanidade.
Um provérbio chinês diz que o melhor momento para se plantar uma árvore foi há 20 anos; o segundo melhor momento é agora. Também na China, Confúcio disse, “Se pensar em termos de um ano, plante uma semente; em termos de dez anos, plante árvores, e se pensar em termos de 100 anos, eduque as pessoas”. Como bem explícito na Bíblia, as árvores foram postas na terra muito antes de nós, e o paraíso deve ainda estar cheio delas. Por mais que as destruam os homens, vamos torcer que estejam aqui depois de nós.
Mas não está fácil, coitadas. Num cenário antes dominado pelo verde, hoje temos nas estradas do mundo mais de um bilhão de veículos circulando. Os States lideram essa frota tresloucada com mais de 240 milhões, seguido pelo Japão. A China corre nessa pista com 80 milhões, deixando as bicicletas para as crianças se divertirem nos parques. Isso nos raros dias em que as crianças deixam os eletrônicos para brincar nos parques. Embora ainda digam que a melhor forma de se locomover em Pequim seja de bicicleta, o professor universitário Pan Haixiao disse, “O uso de bicicletas está declinando por causas da péssima qualidade do ar e o perigo dos tráfico de carros”.
“As árvores são o esforço da terra para falar com o céu”… quem disse isso foi Radimbranath Tagore, poeta indiano Nobel de literatura, que cantou no poema A lua nova: “Abra e levante teu coração ao nascer do sol, como uma nova flor. E quando o sol se põe, inclina tua cabeça e reza em silêncio a oração da tarde”. Muito entendido de força de caráter, Winston Churchill disse, “Árvores solitárias, se conseguem crescer, crescem mais fortes”.
“Você aprende mais coisas nas florestas que nos livros. Árvores e pedras vão lhe ensinar o que você nunca vai aprender com os mestres”… quem disse isso foi São Bernardo. “ A terra provê o bastante para satisfazer as necessidades de cada homem, mas não a ganância de cada homem”… quem disse isso foi Gandhi, o Mahatma. “O amor não dá em árvore, como maçãs no Édem. É algo que você tem que criar. E tem que usar sua imaginação também”… quem disse foi Joyce Cary, escritor irlandês. E David Brower disse, “Não herdamos a terra dos nossos ancestrais, nós a pegamos emprestada dos nossos filhos”.
O primeiro homem a chegar ao espaço foi o russo Yuri Gagarin, em 1961. Tinha 27 anos. A guerra fria estava no auge, arrastando na mesma estupidez a corrida espacial. Apesar de ter sido o primeiro homem a se afastar da Terra, Gagarin morreu em um acidente banal, num curto voo de rotina na Rússia. Mas como todo famoso que morre jovem e em algum tipo de acidente, há muitas teorias de conspiração. Mas não choremos por ele, pois “Quem fica deitado pode não cair, mas não aprende a andar”… quem disse foi Hermógenes, o grego filósofo.
