Já estamos na segunda quinzena de setembro, perto do dia 5 de outubro, dia das eleições, mas o quadro eleitoral no Espírito Santo é de patente estagnação nas intenções de votos. Com a permanência de um terço de indecisos nas menções espontâneas de votos para governador. No geral, as candidaturas – de deputado estadual a governador, passando por deputado federal e por senador -, ainda não conseguiram fazer os capixabas “entrarem” no clima de eleições. Eleições mornas, apesar das propagandas eleitorais no rádio e na TV.
Para governador, as duas últimas pesquisas divulgadas, respectivamente, pelo Ibope/Rede Gazeta ( 14/09 ) e pelo Brand/Século Diário ( 02/09 ) são praticamente iguais nos resultados principais para governador: Paulo Hartung (PMDB) com 42% no Ibope e 42,6% no Brand na menção estimulada, e Renato Casagrande (PSB) com 29% no Ibope e 30,1% no Brand; com 34% de indecisos na menção espontânea no Ibope e 35,3% na menção espontânea do Brand. Na menção espontânea, Paulo Hartung aparece com 32% de intenções de voto no Ibope e com 32,5% no Brand, enquanto Casagrande aparece com 22% no Ibope e com 22,7% no Brand. Para o senado , as duas pesquisas também têm resultados semelhantes: apontam um quadro de volatilidade, indefinição e embolação. Neste caso, o do senado, tudo pode acontecer. Tudo em aberto ainda.
Embora realizadas num intervalo de doze dias entre uma e outra, as pesquisas mostram o mesmo quadro de intenções de votos e de indecisão, principalmente no caso da disputa pela governadoria do Estado. No quesito indecisão, a Pesquisa do Ibope registra um aumento do contingente de indecisos em relação à pesquisa de agosto do próprio Ibope: de 10% para 15% na estimulada. A Pesquisa do Brand registrava 14,3% de indecisos na estimulada. Ou seja, ambos os Institutos mostram a mesma realidade de indecisão.
Os resultados dos dois Institutos também convergem para mostrar uma dado relevante: Paulo Hartung vem capturando, mais do que Renato Casagrande, os votos indecisos, tendo Paulo Hartung cristalizado e consolidado 32% das intenções de votos espontâneas, contra 22% de Renato Casagrande. A campanha de Hartung conseguiu e está conseguindo consolidar uma imagem de favoritismo e de expectativa de vitória, conquistando a partir daí um contingente relevante de votos úteis. O Ibope cravou 43% de expectativa de vitória de Paulo Hartung, contra 45,5% do Brand, dentro das margens de erro. NO Ibope, Casagrande tem 25% de expectativa de vitória, contra 31,2% na pesquisa anterior do Brand. Entre uma pesquisa e outra diminuiu a expectativa de vitória de Casagrande.
Com o aumento dos indecisos na menção estimulada para governador, na Pesquisa Ibope, e com a convergência, entre uma pesquisa e outra, quanto ao volume de indecisos na espontânea, da ordem de 34%, não se pode afirmar que as eleições para governador no Espírito Santo tenham um quadro definido. Tudo indica que Hartung já teria atingido um piso (intenção de votos, subtraídos os eleitores volúveis) significativamente maior do que Casagrande. Mas nada ainda permite concluir que Paulo Hartung não teria já atingindo o seu teto (intenção de voto, acrescidos os eleitores com alto potencial para votar no candidato) e que Renato Casagrande não teria ainda capacidade de ampliar o seu teto.
Nos últimos dias, a disputa para a governadoria do Espírito Santo consolidou a polarização entre Hartung e Casagrande. E se acirrou. Casagrande mudou a tática de campanha e partiu para o embate frontal com Hartung. O clima de campanha esquentou. Resta ainda saber se a mudança no clima eleitoral vai conseguir trazer os eleitores – principalmente os ainda indecisos – para entrarem no clima eleitoral e decidirem o voto.
Aqueles que ainda estão indecisos, transmitem, aqui e ali, a sensação de que a disputa de Hartung e Casagrande seria, na verdade, uma disputa por “mais do mesmo”. A guerra de números e platitudes nos horários da campanha gratuita no rádio e na Tv, ainda passam esta imagem, apesar das imagens fortes das “aulas em currais” transmitidas pela campanha de Casagrande para criticar Hartung na educação.
Na reta final, nos últimos quinze dias, o desafio de Hartung será “administrar” a vantagem e não perder votos (perdeu 2% no Ibope , mas está dentro da margem de erro). Já o desafio de Casagrande será conseguir atrair os indecisos mais “consistentes”, aqueles que continuam achando que se trata de uma disputa bizantina por mais do mesmo. Onde estão eles?
Ao olhar para este desafio, Casagrande deveria se preocupar com um dado relevante da última Pequisa do Ibope: a aprovação de Casagrande caiu de 57% em agosto para 47% em setembro. Como Casagrande é poder incumbente, e como existe uma correlação positiva, estatisticamente moderada ou não, entre aprovação e intenção de votos, isto pode significar que o teto Casagrande pode estar diminuindo, se confirmada a tendência de queda na aprovação. Na última Pesquisa Brand, Casagrande tinha 55,6% de aprovação, semelhante à pesquisa de agosto do Ibope. Agora, a queda na aprovação seria uma tendência?
