O almoço de reconciliação entre o governador Paulo Hartung (PMDB) e o presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM), coloca o deputado estadual como o principal player do processo eleitoral em Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado), que é sua base política, sem que ele precise disputar a eleição à prefeitura. Disputa, aliás, que não é nada interessante para o demista, já que assumir uma prefeitura de cidade-polo sem dinheiro não valeria o sacrifício. Por outro lado, seu capital político no município não pode ser abandonado e Theodorico sabe disso. Assim, ele logo apareceu com uma estratégia para comandar o pleito e, de quebra, aumentar seu prestígio. A jogada do presidente da Assembleia, como anunciado em A Gazeta nesta quinta-feira (5), é praticamente um processo seletivo entre lideranças de 17 partidos e abre uma expectativa e tanta no mercado político local. Diz o deputado que o “ganhador” será escolhido após algumas etapas de seleção, que irão considerar, também, a “voz do povo”. Vai ter gente disputando a tapa o apoio de Theodorico? Vai. Agora essa história de lista, etapas de avaliação e etc., é balela. Theodorico vai colocar quem ele quiser na posição de candidato, o resto é só uma tentativa de imprimir viés democrático ao processo e, no final das contas, sair como “o cara” de Cachoeiro.
Riscos
Ao mesmo tempo, o presidente da Assembleia dá o tom da disputa sem se comprometer tanto com o candidato da vez. Vai que o cara é eleito e realiza péssima gestão, sem dinheiro em caixa? Na pior das hipóteses, não foi ele que escolheu, e sim o “povo”. Caso contrário, Theodorico vai querer colher os louros, obviamente.
Pá de cal
Com essa reconciliação, quem perde é o secretário de Assistência Social, Rodrigo Coelho (PDT), cotado como candidato a prefeito. Guiado pelo governador, Rodrigo fez aquela manobra toda para deixar o PT e, assim, se afastar do atual prefeito de Cachoeiro, Carlos Casteglione, mas, parece que não estaria se saindo tão bem quando o governador imaginava. Aí já viu…
Pá de cal II
Além de ver seu prestígio reduzido em Cachoeiro, Rodrigo pode até ficar de fora dos planos maiores de Hartung, como, por exemplo, a presidência da Assembleia.
Lado oposto
Perto de se completar seis meses do crime da Samarco/Vale-BHP, que significam seis meses de absoluto descaso da empresa em relação aos atingidos, o vereador de Anchieta Beto Caliman (DEM) promoveu mais um daqueles eventos “Somos Todos Samarco”, só que em Guarapari. O esforço é garantir a retomada das operações da empresa no Estado.
Segue…
Quem estava lá, posando para foto ao lado do presidente da Samarco, Roberto Carvalho,foi Theodorico Ferraço. Carvalho é o empresário que esteve na Assembleia logo depois do crime, para uma reunião que foi um verdadeiro oba-oba e teve até elogios e a benção de Theodorico à Samarco. Rolou até um vídeo de Século Diário, que bombou nas redes sociais. Vale a pena ver de novo.
Ninguém preso
A propósito, a comunidade de Regência, em Linhares (norte do Estado), há oito dias em protesto contra a empresa, participa nesta quinta do movimento “Um minuto de Sirene”, que denuncia em todo o País a impunidade das empresas responsáveis pela barragem rompida em Mariana (MG).
De olho
O Ministério Público vai investigar suspeitas de irregularidades no contrato firmado entre a Prefeitura da Serra e o Laboratório Thonson para serviços de exames laboratoriais de análises clínicas. A contratação foi feita sem licitação, pelo valor de R$ 2 milhões. O aviso de apuração consta em portaria assinada pelo promotor Pablo Drews Bittencourt Costa.
De olho II
O contrato atual foi assinado no início de março pelo então secretário de Saúde, Luiz Carlos Reblin. Mas o Laboratório Thonson já tinha um contrato anterior com a prefeitura desde 2011 que, coincidentemente, foi rescindido no mesmo dia da comunicação do novo ato.
140 toques
“Há 6 meses acontecia a tragédia no rio Doce. Exijo punição à Samarco, Vale e BHP Billiton #UmMinutoDeSirene”. (Greenpeace Brasil – no Twitter)
PENSAMENTO:
Na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem”. Victor Lasky
(Colaborou Renata Oliveira)
