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​Quem leva em Vitória?

Eleições municipais devem manter grupos políticos de direita no comando da prefeitura 

O empate técnico entre João coser (PT) e Fabrício Gandini (Cidadania) demonstrado nas últimas pesquisas sinaliza que o PT estará no segundo turno em Vitória. O quadro confirma a tendência de crescimento da esquerda em capitais importantes no Brasil, mesmo que alguns dos candidatos que estão no páreo não possam ser considerados tão progressistas como se pensa, como é o caso do candidato do PT na capital do Estado. 

Trocado em miúdos, as eleições municipais devem manter grupos políticos de direita no comando de Vitória, ao contrário do que esperam lideranças de esquerda, mesmo com uma eventual vitória de João Coser. Em nível nacional, partidos considerados de esquerda caminham para garantir um segundo turno em várias capitais, com destaque para Manuela D’Avila (PCdoB) em Porto Alegre, e Edmilson Rodrigues (Psol) em Belém, que devem se eleger no primeiro turno. A baralha corre favoravelmente em Recife, Salvador, Rio, São Paulo e Fortaleza.

Em Vitória, o quadro tende a assegurar o PT no segundo turno, mas pode ocorrer que João Coser fique de fora, embora esse cenário ainda se mostre distante da realidade atual. Essa mudança virá por meio de uma eventual estratégia de última hora, em nível nacional, visando manter o partido afastado nos círculos de poder político, e, também, pelo crescimento da candidatura do delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos).

No caso de o PT permanecer na disputa, a pergunta que corre nos bastidores é quem disputará com João Coser: Fabrício Gandini, para cumprir o que já é chamado de “terceiro mandato” do prefeito Luciano Rezende (Cidadania), ou Lorenzo Pazolini, abrigado no partido do empresário Edir Macedo, dono da Igreja Universal, ninho do bolsonarismo e com influência, em nível nacional, no meio evangélico que apoia movimentos da direita e da extrema direita.

João Coser tem um bom legado de realizações nos dois mandatos como prefeito de Vitória, é petista histórico, além de experimentado no cenário político, seja na Assembleia Legislativa ou como deputado federal. Essas posições resultaram no apoio do comando nacional do partido, que passou ao largo das relações com grupos de direita, principalmente do então governador Paulo Hartung, na gestão do qual ocupou uma das secretarias e azedou relacionamentos com as alas mais progressistas do PT.

Já seus dois principais oponentes, Fabrício Gandini e Pazolini, possuem um legado mais modesto para mostrar, exceção à experiência de dois anos de ambos como deputados na Assembleia Legislativa. Além disso, Pazolini é da Polícia Civil e ganhou holofotes como delegado da criança e do adolescente, enquanto Fabrício foi presidente da Câmara de Vereadores e uma espécie de supersecretário de Luciano. Nesse cargo, ele conseguiu projetar-se, garantindo a candidatura a prefeito.

Sua passagem como presidente da Câmara, no entanto, é questionada, principalmente por ações de promoção pessoal, como o projeto Fiscaliza Vitória, lançado em evento festivo no Clube Álvares Cabral, em 2013. O projeto não apresentou resultados significativos para a população, e as ações pontuais não abrangem a maioria dos moradores da Capital.

Dados do Portal da Transparência da Câmara revelam que só em publicidade foram gastos R$ 690 mil em contratos, além de outras ações promocionais, como uma revista do legislativo municipal, chamada Câmara Notícias. A publicação, com tiragem de 20 mil exemplares, tem extensa propaganda do projeto Fiscaliza Vitória, idealizado por Gandini.

Na propaganda eleitoral exibida diariamente na TV e nas redes sociais, esse contexto salta aos olhos: enquanto João Coser apresenta obras realizadas na Capital nos seus dois mandatos, Gandini e Pazolini atacam um ao outro e fazem promessas e mais promessas, numa cansativa repetição de discursos eleitoreiros, que pintam um futuro cor de rosa com todos os problemas resolvidos. A realidade, porém, é outra, e nela não cabem discursos vazios, como os mostrados até agora.

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