A desistência do Helder Salomão de disputar a prefeitura de Cariacica, que ele administrou por dois mandatos – e teria tudo para conquistar o terceiro com os pé nas costas-, deve-se à condição do petista ser hoje a única liderança do partido no Espírito Santo com capital político para disputar cargos mais altos, como o governo do Estado.
Não é sem outra razão as suas constantes viagens ao interior do Estado como circulação de valor eleitoral. As respostas vem sendo satisfatórias. Assim como só ele pode salvar o partido. E não precisa ir muito longe para constatar essa realidade.
O nome, que poderia está hoje nessas mesmas condições, seria o do ex-prefeito de Vitória João Coser. Mas Coser não soube valorizar suas duas gestões na capital. Em vez de saltar para cima, preferiu alinhar-se, como força política auxiliar do atual governador Paulo Hartung, passando a ostentar a surrada camisa de hartunguete.
Com essa atitude, diminuiu-se de tamanho e expôs o partido a condição de joguete nas tramas políticas do governador Paulo Hartung. Tirou o PT da rua, como sempre esteve nos governos anteriores, para permitir o livre trânsito de PH. Impediu até, pela circunstância do partido fazer oposição a PH, que ex-deputada federal Iriny Lopes disputasse à prefeitura de Vitória.
Empobreceu de tal forma o partido, principalmente no plano ideológico, que tem hoje na Assembleia Legislativa dois deputados desprovidos de qualquer identidade petista. Pois tanto o deputado José Carlos Nunes com toda a sua origem cutista, como o padre Honório, oriunda da facção conservadora da Igreja Católica. Ambos são tão conservadores, que se estivessem hoje no DEM, estariam na ala mais à direita do partido.
Consequência natural da desastrosa opção feita pelo ex-prefeito Coser foi colhida nas eleições de 2014, quando o petista foi derrotado na disputa ao Senado.
Com certeza PH não corresponde à submissão de Coser, gestando para que ele se elegesse senador. A sua omissão resultou na vitória de Rose de Freitas (PMDB), bem dentro das necessidades políticas de PH em contar como uma senadora eventual desprovida de quadros políticos.
Esse quadro todo desfavorável ao PT capixaba viria a ser fulminado pelo Mensalão e o Pretolão, que levou à lona o PT em todo território nacional, produzindo poucas imunes lideranças,como o caso de Helder Salomão no Espírito Santo, onde as condições políticas o favorecem por existirem apenas dois postulantes, já se digladiando, ao governo do Estado: o atual governador Paulo Hartung e o ex-governador Renato Casagrande (PSB). Pode ser uma oportunidade única para o PT pôr alguém com a vitalidade política de Helder no meio dessa briga. Se alguém pode salvar o PT, é Helder Salomão.
