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Amacentro realiza reunião com moradores para debater Carnaval 2025

Reunião encerra ciclo de debates dos quais já participaram os blocos e os comerciantes

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A Associação de Moradores do Centro (Amacentro) vai realizar uma reunião com o objetivo de dialogar com a comunidade sobre o Carnaval 2025. Será na próxima terça-feira (3), às 19h, na Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música (Fafi). O presidente da entidade, Wallace Bonicenha, afirma que a iniciativa busca “ouvir as sugestões, os problemas e criar alternativas para construir o carnaval da cidadania e da cultura de paz”, pois “os conflitos existem e cabe à gente dialogar”.

O líder comunitário avalia que houve avanços no Carnaval passado, no desfile dos blocos na avenida Beira- Mar, com mais banheiros e lixeiras. Contudo, não se viu essa mesma infraestrutura no interior do bairro. A ideia é, após o processo de escuta, encaminhar as sugestões para a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e o Governo do Estado, além de envolver nesse processo empresas privadas.

No caso das empresas, Wallace destaca que as de bebida, como a Ambev, têm um lucro muito grande com o Carnaval, mas não costumam dar nenhuma contrapartida. A reunião com os moradores será a última de uma série de escutas sobre o tema e será coordenada pela especialista em comunicação não violenta, Andreza Nagipe. “Ao longo de 2025, vamos desenvolver oficinas de comunicação não violenta. A ideia é começar uma apresentação já nessa reunião, levando em consideração que existem muitas divergências, e como trabalhar isso”, diz Wallace.

A associação já fez reunião sobre o Carnaval 2025 com o Blocão, que reúne os principais blocos do Centro, e os comerciantes. Algumas das sugestões até agora, segundo Wallace, são a disponibilização de pontos de água; organização dos ambulantes – que esses trabalhadores não fiquem concentrados na Costa Pereira, podendo ocupar outros espaços -; e disponibilização de banheiros químicos.

A Amacentro e o Blocão também iniciaram diálogo com a Prefeitura de Vitória em outubro último. Ainda não há previsão de outra reunião. Uma das reivindicações feitas na ocasião foi que se cumpra a Lei nº 6.107/2024, que autoriza o Executivo a repassar 10% da verba das escolas de samba para blocos da Capital. “O Carnaval traz muitos turistas e arrecadação. É importante para a cidade, mas os blocos não ganham recursos para manter as suas atividades”, destacou Edson Bonfim, coordenador do Bloco Coisa de Negres.

Outra demanda apresentada foi a disponibilização de um carro com um som de mais qualidade, e fiscalização dos ambulantes, já que em anos anteriores foram vendidas bebidas em garrafa, apesar da proibição. Também foi destacado que o trajeto de um quilômetro na Beira-Mar para desfile dos blocos é muito curto, devendo ser estendido até a altura do Parque Moscoso. Além disso, defendido o encerramento dos desfiles por volta das 20h, uma hora a mais do horário estabelecido hoje. O Blocão acredita que essas iniciativas ajudam, depois, a “desafogar” o Centro.

Para dispersar os foliões, a prefeitura criou o Circuito da Folia, um trio elétrico que os leva para o Sambão do Povo após os desfiles, mas isso, aponta Edson, não é suficiente. Por isso, somada a essas iniciativas, o Blocão sugeriu, ainda, a realização de atividades culturais no Portal do Príncipe, com atrações como batalha de Hip Hop, Slam e funk, atraindo um público que não gosta do Carnaval tradicional, mas acaba indo por não ter outras alternativas de lazer.

Polêmicas e omissões

O Carnaval do Centro, nos últimos anos, tem sido marcado por polêmicas e omissões da gestão municipal, que não se repetem em bairros de interesses eleitorais do prefeito, como Jardim Camburi. No último, em fevereiro, a gestão de Lorenzo Pazolini publicou o decreto 23.180/2023, com uma série de restrições.

Uma delas foi no artigo 11º, que dizia que “os Blocos de Rua não poderão permanecer parados em pontos fixos, devendo sempre circular, como forma de promover a melhor convivência com a vizinhança, a mobilidade urbana e o tráfego, sendo proibida a montagem de tendas, palco ou qualquer tipo de infraestrutura fixa”. 

Em 2023, a expectativa de voltar às ruas depois de dois anos de pandemia quase foi frustrada. No início de dezembro de 2022, a prefeitura ainda não tinha aberto diálogo sobre os preparativos. A primeira reunião só aconteceu, no mesmo mês, depois de várias solicitações dos blocos, mas nada foi apresentado de concreto. No final das contas, os blocos foram para as ruas do Centro, mas sem investimento da gestão, faltando banheiros químicos e cestas de lixo principalmente na avenida Beira-Mar, onde os desfiles aconteceram.

Para piorar a situação, o promotor de Justiça Marcelo Lemos Vieira notificou, em caráter recomendatório e premonitório, que a gestão municipal impedisse a realização do Carnaval de rua no Centro de Vitória no primeiro final de semana após a data oficial. Diante disso, a prefeitura suspendeu as licenças do Esquerda Festiva, que sempre sai aos sábados, e Prakabá, no domingo.

A alegação foi a poluição causada pelos blocos na baía de Vitória, embora nem o Esquerda Festiva nem o Prakabá desfilem na Beira-Mar. O Blocão apontou a medida como “inconstitucional e discriminatória, que acaba por criminalizar a maior manifestação da cultura popular do país e, em especial, o Carnaval de rua do Centro de Vitória”. Os blocos, no entanto, foram às ruas em forma de protesto.

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