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Apoio do Sincades à cultura capixaba provoca sérias suspeições

As ainda mal explicadas relações entre a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e o Instituto de Ação Social e Cultural Sincades são o tema da entrevista com filósofo, músico e produtor cultural Fraga Ferri que vai ao ar neste sábado (24) em Século Diário.

A entidade criada em 2008 pelo Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades) se tornou uma das principais apoiadoras de projetos culturais capixabas. O modelo opera segundo uma política de incentivos tributários através da qual um determinado valor é destino ao Instituto Sincades. O sistema nasceu na gestão Paulo Hartung.

 
A grosso modo, o Sincades é uma operação de deferimento fiscal, ou seja, na operação ele pode descontar um importância Y, e, em vez de pagar o imposto, o instituto destina esses valores para projeto culturais. Ou seja, ele usa dinheiro público para empregar em cultura. Os recursos utilizados não são do Sincades. 
 
Para Fraga Ferri, é estranho que comerciantes e atacadistas – nada contra, poderiam ser médicos, engenheiros ou jornalistas – estejam, de certo modo, ditando o que deve ou não deve receber apoio cultural. O correto seria que agentes do ramo orientassem um esquema de financiamento.
 
O que dá contornos ainda mais obscuros a tal modelo é a falta de transparência: ninguém sabe de que forma são escolhidos os projetos, não há prestação de contas, nem atas de reuniões ou de como o sistema é gerido. Membro da Câmara de Música do Conselho Estadual de Cultura (CEC), Ferri diz que o CEC já solicitou informações ao governo. Mas, até agora, o esforço foi vão. 
 
Ao mesmo tempo, Fraga lembra que bairros periféricos da Grande Vitória como Feu Rosa e Vila Nova de Colares, que atingem níveis intoleráveis de violência, não têm um aparelho cultural. 
 
Pelo mesmo motivo, ele levanta dúvidas sobre a pertinência da construção do Cais das Artes, uma vez que, segundo diz, nem 20% dos municípios capixabas têm teatro ou um centro cultural.
 
“Essa questão do Sincades é emblemática, porque é desrespeitosa e imoral. É muito dinheiro na mão de quem não devia estar. Esse dinheiro tem que vir para a gestão pública”, critica.

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