Segunda, 06 Mai 2024

Camponeses denunciam agressão do deputado Roberto Carlos em ato na Assembleia

Camponeses denunciam agressão do deputado Roberto Carlos em ato na Assembleia
Quatro militantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) relataram que foram agredidos durante o ato desta terça-feira (15), na Assembleia Legislativa, pelo deputado estadual e segundo secretário da Mesa Diretora, Roberto Carlos (PT), e pelos seguranças da Casa.
 
Segundo os camponeses, que preferiram não se identificar por medo de represálias, o deputado prometeu que os deixaria entrar no saguão mas, posteriormente, recuou da decisão. Diante da recusa, os camponeses tentaram entrar à força na Assembleia e o deputado, após ver que ele e os seguranças presentes não conseguiriam contê-los, agrediu os manifestantes que estavam mais à frente, chutando a canela de um e torcendo o braço de outro. Os relatos afirmam que o deputado ainda autorizou a repressão dos seguranças, que agrediram os outros dois militantes – inclusive uma mulher, que foi empurrada contra a porta de vidro.
 
Apesar da confusão, os camponeses conseguiram entrar no saguão da Assembleia e ocupar a galeria, enquanto acontecia a sabatina à vaga do Tribunal de Contas no plenário. No saguão, havia também uma feira de artesanatos e produtos do campo, que os militantes do MPA apoiaram.
 
“Ficamos muito chateados, porque ele é um deputado do PT, partido com o qual temos ligação”, destacou um dos militantes agredidos. Ele e os outros três companheiros registrarão um Boletim de Ocorrência (BO) e contarão com o acompanhamento do advogado da entidade.
 
Após os militantes terem anunciado a agressão com ajuda do carro de som que acompanhava a manifestação, Roberto Carlos saiu de dentro da Assembleia e tentou se retratar, sob muitas vaias, justificando que foi “eleito por Deus”. As mulheres do MPA reagiram: “Deus não vota, quem vota é o povo”, diziam. “Se Deus votasse, você não seria eleito”, bradou uma delas. 
 
Por entre os gritos de “Fora”, Roberto Carlos ainda insistiu em falar sobre educação no campo e justiça, ressaltando, logo depois, que é um professor. A consideração não foi perdoada por uma militante, que mandou: “Tem que voltar pra faculdade pra aprender educação e ética”. Outra camponesa comentou: “Isso é discurso?”.
 
“Temos o direito de ter um país onde todos possam ter uma luta como essa de vocês”, elogiou, posteriormente, o vereador de Vila Velha, Zé Nilton (PT), referindo-se ao MPA.
 
Apesar do episódio, os coordenadores que empunhavam o microfone o responderam com educação. Convidaram-no a participar do almoço com os camponeses e, ainda, da caminhada de volta ao Sindicato dos Bancários do Estado (Sindibancários), onde estão acampados. Entretanto, alertaram: “Aceitamos desculpas, mas não aceitamos demagogia”.
 
Posteriormente, em sua página no Facebook, o deputado ainda tentou se justificar. Ele tratou o problema como "um pequeno incidente", e relatou versão oposta à dos militantes, de que "enquanto buscava o diálogo, alguns membros do grupo mais exaltados forçaram a porta de entrada criando um princípio de tumulto e confronto com os seguranças, tranquilamente contornado após a entrada do MPA na Casa". Ele ainda publicou que o "seu mandato, além de popular é participativo, está de portas abertas para sanar qualquer mal-entendido através do diálogo".
 
Na dispersão do ato, uma militante disse: “Ele está quase chorando, viu que vai perder votos agora”. Ao se encaminharem de volta ao Sindibancários, anunciaram, com ajuda do carro de som: “A caneta de alguns parlamentares é mais perigosa do que as armas de muitos criminosos”.

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