A votação do relatório da CPI dos Empenhos passou mais uma quarta-feira em branco. Desta vez, foi o deputado Almir Vieira (PRB) que pediu vista, impedindo que o relatório de Euclério Sampaio (PDT) fosse submetido à votação do colegiado.
Euclério, depois de seguidas manobras do governo, conseguiu fazer a leitura do relatório no dia 18 de maio, portanto, há 22 dias. O governo vem protelando a votação porque o relatório de Euclério não contempla o principal objetivo de Paulo Hartung: incluir o ex-governador Renato Casagrande (PSB) na lista de indiciados. O pedetista responsabiliza no documento cinco ex-secretários de Casagrande, mais não inclui o ex-governador, o que não interessa ao Palácio Anchieta.
Depois de Euclério ler o relatório, no dia 18 de maio, o primeiro a pedir vista foi o vice-líder do governo na Casa, Erick Musso (PMDB). Nessa mesma reunião, o líder do governo, Gildevan Fernandes (PMDB), que preside a CPI, avisou que tinha “novas denúncias”, dando a entender que responsabilizar Casagrande seria questão de tempo.
Na quarta seguinte ao pedido de vista de Musso, simplesmente cancelaram a reunião. Depois foi a vez de Dary Pagung (PRP), na condição de suplente de Almir — afastado por motivo de saúde —, pedir vista e adiar a votação mais uma vez. Nesta quarta (8), Almir, ainda bastante abatido, foi reintegrado ao colegiado e também pediu vista, o que protela mais uma vez a votação.
Almir elogiou o trabalho de Euclério, mas ponderou que precisava fazer um voto “consciente e com conhecimento. Eu não tenho conhecimento do teor do relatório. É temerário a gente, sem conhecimento, proferir um voto, seja ele a favor ou contra”.
As justificativas de Almir seriam plausíveis se o processo de votação do relatório de Euclério não tivesse um retrospecto de manobras do governador Paulo Hartung. É evidente que a estratégia do governo é ganhar tempo para arrumar um jeito de indiciar o ex-governador no relatório. Incluí-lo é estratégico para o governo criar o antecedente e reprovar as contas (referentes a 2014) de Casagrande na Assembleia.
Na próxima quarta (15), Almir terá que se manifestar, se não houver nova manobra, assim como Musso, que também pediu vista. Se o deputado do PRP, que é vice-presidente do colegiado, aceitar fazer o jogo palaciano, a expectativa é de que ele apresente voto em separado com Casagrande entre os indiciados.
Se Almir se mantiver imune à pressão do Palácio Anchieta, pode apresentar voto favorável ao relatório de Euclério, empurrando toda a pressão para cima de Erick Musso. Nessa situação haveria duas possibilidades: Almir, Freitas (PSB) e Euclério somariam três votos. Musso poderia ser compelido a votar junto com os colegas, pois a fatura já estaria liquidada, já que seu voto não mudaria mais o resultado.
Outra hipótese é Almir fazer o voto em separado incluindo Casagrande. Dessa maneira, receberia o voto de Musso contra Freitas e Euclério, resultando num dois a dois. O voto de minerva seria de Gildevan que, obviamente, desempataria a peleja em favor do governo, ou seja, condenando Casagrande.