A movimentação do prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS) para se aproximar do governador Paulo Hartung (PMDB), pode ter reflexos na estratégia do ex-governador Renato Casagrande (PSB) para a disputa de 2016, em Vitória. A disputa entre as duas lideranças pela segunda principal vitrine política do Estado, que se desenhava para ser indireta, pode sofrer uma reviravolta.
Isso porque, circulava nos meios políticos que Casagrande estaria trabalhando com a possibilidade de apoiar a candidatura do prefeito Luciano Rezende à reeleição no próximo ano. Essa estratégia seria usada porque o socialista não queria fazer com o prefeito, o que Hartung fez com ele no governo, abandonando o acordo e disputando a eleição contra o aliado. Casagrande, por princípio, entenderia que a prerrogativa de disputar a reeleição é de Luciano – primeira liderança de peso a declarar apoio à candidatura do socialista à reeleição ao governo.
Mas apesar do apoio prematuro, que parecia selar uma parceria perene, durante o processo eleitoral o prefeito do PPS foi esfriando sua relação com Casagrande à medida que o favoritismo de Hartung se consolidava.
Eleito com o apoio de Casagrande em 2012, justamente contra o palanque apoiado por Hartung, que tinha o tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas como candidato, Luciano já não estaria tão alinhado ao socialista como ele pensava e a reaproximação do prefeito com o governador ficou mais nítida após uma reunião nessa semana.
Em decorrência dessas últimas movimentações, os meios políticos acreditam que Casagrande possa rever sua leitura sobre o processo eleitoral de 2016. Sem outra liderança em condições de equilibrar a disputa com o(s) candidato(s) de Hartung, o próprio ex-governador teria que entrar na disputa como único nome capaz de fazer frente aos demais candidatos. Se Luciano consolidar sua aproximação com Hartung, o socialista teria o caminho e a consciência livres para entrar na disputa porque o acordo com o prefeito da Capital estaria quebrado.
Para os meios políticos, o fato de Hartung se aproximar de Luciano Rezende não garante que ele poderá ter o apoio do governador em 2016. O prefeito, porém, prefere alimentar a esperança de que poderá reconquistar, aos poucos, a confiança do antigo aliado.
Manter Luciano sob seu círculo de domínio não deixa de ser uma estratégia interessante para Hartung. Ele pode exibir Luciano para a classe política como um troféu: “Estão vendo? O principal aliado de Casagrande correu para o meu lado”. Além disso, quando chegar o período eleitoral, Hartung terá um leque de aliados para por a mão e fará isso com aquele que estiver em melhores condições eleitorais.
Fora Luciano, outro aliado de Hartung que deve disputar a Prefeitura de Vitória é o ex-prefeito da Capital João Coser (PT), hoje, o virtual candidato do Palácio Anchieta. Se o PT lançar candidatura, dificilmente o PSDB não tentará emplacar novamente o nome do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, que recentemente assumiu a presidência do Bandes.