No que se refere ao cenário eleitoral de Vitória, vale a ideia de que as aparências enganam. Diante de tanto desgaste político envolvendo o PT nacional e a derrota na disputa ao Senado em 2014, a impressão geral seria de que o ex-prefeito João Coser (PT) teria um capital político diminuto.
Mas não é isso que as lideranças da cidade estão constando nas ruas. Embora seu capital de votos esteja em queda, dado observado na disputa ao Senado, o petista ainda resiste. Em 2014, Coser obteve 338.810 votos para a disputa ao Senado, sendo 43.344 deles em Vitória. Votação bem abaixo da eleita naquela disputa, Rose de Freitas (PMDB), que conquistou 66.771 na Capital. Até Neucimar Fraga (PSD), que não tem tradição em Vitória, colou em Coser – diferença de 2 mil votos a favor do petista. A expectativa era de que os ex-prefeito do PT ficasse em primeiro, mas isso não aconteceu.
Essa votação não o coloca como principal liderança política do município, longe disso, mas também não significa que Coser não tenha ainda capilaridade em condições de influir no tabuleiro eleitoral da cidade, que tem tudo para ser palco de uma disputa pulverizada, em que a decisão pode sair no detalhe. Num cenário tão competitivo, o apoio de uma liderança com musculatura política pode ser negociado a peso de ouro.
O ex-prefeito ainda tem um considerável capital político, sobretudo nos bairros menos abastados, onde a atual gestão estaria deixando a desejar e a gestão petista teria conseguido deixar marcas positivas.
As reflexões nos meios políticos são sobre o destino deste capital. Coser não é candidato a prefeito este ano e a impressão das lideranças é de que esta densidade política não é do PT propriamente, tanto que o partido tem dificuldades em encontrar uma liderança que possa entrar no jogo político com um palanque competitivo.
A musculatura política seria do próprio Coser e pode ser uma importante ferramenta em uma disputa eleitoral curta e bastante acirrada, como se prevê para Vitória. A questão é saber em qual palanque caberia o petista em caso de emprestar seu capital para um dos nomes em um eventual segundo turno.
Com o atual prefeito, Luciano Rezende (PPS), e com o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), a briga nacional entre governo federal e oposição impede a parceria, já que se trata de uma disputa de capital. Lelo Coimbra (PMDB) tem disparado contra o governo federal também. Esse discurso o distancia do PT.
Restariam os palanques de Enivaldo dos Anjos (PSD) e Amaro Neto (PMB), além do próprio palanque petista. Mas mesmo com a musculatura de Coser, o palanque petista não deve desequilibrar a disputa local. O PT trabalha com a possibilidade de lançar nomes mais técnicos, ligados à gestão de Coser, como os ex-secretários de Desenvolvimento da Cidade, Kleber Frizzera, e de Saúde, Luiz Carlos Reiblin.