Aqueceu os meios políticos a notícia de que o secretário de Agricultura do Estado, Octaciano Neto, estava prestes a se filiar ao PDT para disputar a Câmara, o Senado ou mesmo o governo do Estado em 2018. Mas nos bastidores, ideia é de que isso não deve acontecer tão cedo. Primeiro, o cacique do PDT estadual, o deputado federal Sérgio Vidigal, teria que pacificar os ânimos dentro do partido.
A propósito, o ingresso de Octaciano Neto na sigla seria um desejo antigo de Vidigal, que tem a reciprocidade do secretário de Agricultura. Mas as turbulências internas na sigla não tornam a filiação favorável neste momento, pois promoveria um racha no PDT capixaba. Ao mesmo tempo, ao sinalizar que pretende ingressar no partido, já que não teria conversado com outras siglas, o secretário demarca território e impõe uma pressão interna para Vidigal aparar as arestas.
O problema são as rusgas que os deputados estaduais Euclério Sampaio e Josias Da Vitória teriam com o secretário. O primeiro tem disparado contra Octaciano Neto na Assembleia. Euclério perdeu o comando do PDT de Vila Velha, e estaria tentando retomar um espaço político.
Com Da Vitória, o problema seria a disputa por espaço em 2018. Os dois devem concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados e disputariam o mesmo eleitorado do interior, sobretudo o da região noroeste do Estado. Com o processo de abertura de cofre do governador Paulo Hartung (PMDB), irrigando projetos da Secretaria de Agricultura, Octaciano estaria recuperando apoio dos prefeitos, principalmente os que antes da eleição da Associação dos Municípios do Estado (Amunes) se aproximavam do deputado Da Vitória.
Com a indicação de Rodrigo Coelho para a liderança do governo na Assembleia, a situação de Da Vitória e Euclério dentro do PDT fica complicada. Não é segredo que não é interesse do partido tê-los como quadros, diante da aproximação cada vez maior do PDT com o governo Paulo Hartung.
Mas para os meios políticos, os deputados teriam dificuldade de se acomodar para 2018 em outra sigla. Ambos com bons capitais de votos acabam não sendo lideranças atraentes para coligações. A situação incômoda no PDT deve seguir, porém, ao longo de 2017. Tanto os deputados quanto o secretário só devem bater o martelo sobre seus futuros do próximo ano. Octaciano, em abril, quando se encerra o prazo de filiação, e Da Vitória e Euclério, em março, na abertura da janela para mudança de partido.