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Polarização entre Casagrande e Hartung é irreversível

Nerter Samora e Renata Oliveira 
 
 
O mercado político se debruçava sobre os reflexos pesquisa Futura que mostrou o desempenho ruim de Rodney Miranda e colocava Hartung no páreo para o governo, quando o ex-governador se coloca para a disputa. E agora, quem vai com quem?
 
 
Nerter – Pelo jeito teremos disputa eleitoral este ano. Em 2010, havia dois palanques, mas Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), por ter participado do projeto hartuguete, não ofereceu um embate duro a Renato Casagrande, um embate muito inflamado, o que permitiu a eleição do socialista de forma bem tranquila. Este ano a coisa parece ser diferente. A disputa entre Renato Casagrande e Paulo Hartung (PMDB) hoje é tida como inevitável e vai ser dura. A semana foi de uma intensa movimentação trazida pela pesquisa Futura em Vila Velha, que teve reflexos na Assembleia e culmina com Hartung oferecendo o nome dele para a disputa. Os próximos dois meses devem ser de muita tensão nos meios políticos.
 
Renata – De um lado temos Renato Casagrande com mais de 20 partidos em sua base aliada, inclusive, parte do PMDB; com a maioria dos prefeitos ao seu lado, inclusive, os do PMDB. Do outro lado, está Hartung que tem seus interlocutores e uma inteligência política privilegiada. No meio disso está o restante da classe política. Os tucanos já estão fazendo o jogo de Hartung, já escolheram seu lado. Magno Malta (PR) deve apoiar Casagrande, até porque agora não dá mais para ele entrar nesse jogo. Agora é a hora da classe política fazer suas escolhas. 
 
Nerter – Mas não vai desembarcar todo mundo agora, não. Quem for esperto vai esperar. O fato de Hartung ter colocado o nome à disposição não oficializa sua candidatura. Isso só vai acontecer no final de junho, quando o PMDB realizar sua convenção. Até lá são 40 dias de profundas movimentações. Hartung vai colocar seus emissários para pressionar os peemedebistas descontentes e seus “especialistas” para continuarem minando o governo de seu sucessor. Esta não é a hora do embate direto. Os tucanos, ou melhor, Guerino Balestrassi, pode fazer isso por ele, sem que Hartung se desgaste. 
 
Renata – Agora, merece um destaque aqui a posição do presidente do PSB. Luiz Carlos Ciciliotti. O sujeito está completamente perdido. O PSB está no governo. É o PMDB que tem buscar conversa com os socialistas, mas vem o presidente do partido dizer primeiro que vai tentar até o último minuto convencer o PMDB a ficar no palanque de Renato Casagrande e depois vem dizer que está há um mês tentando marcar um encontro com Hartung. Pelo amor de Deus, não dá. Tudo bem o que o presidente do PMDB, Lelo Coimbra, também não tem exatamente um desempenho brilhante à frente do partido, não conseguiu sequer manter a unidade do partido em torno de uma candidatura própria. Mas o Ciciliotti… Foi mal na articulação do governo e vai mal na do partido.
 
Nerter – Pois é. Quem vai ter um papel importante nesta história daqui pra frente é o senador Ricardo Ferraço (PMDB). A partir de agora vamos ver o que significa em seu entendimento apoiar o governador Renato Casagrande. Porque uma coisa é dizer isso, outra coisa é transformar o discurso em apoio efetivo dentro do PMDB. Vai ter de usar sua patente de senador para isso.
 
Renata – Engraçado é Rose de Freitas achar que Paulo vai fortalecer sua candidatura a senadora, né! Na composição de alianças, chapa puro-sangue não vingam, precisa deixar algo para os aliados. Além disso, tem aquela coisa da aliança que não está escrita, não é. O candidato ao Senado de Hartung é outro. 
 
Nerter – E por falar nisso, como vai ficar essa disputa ao Senado, hein? Hartung coloca a candidatura, fecha uma aliança, provavelmente com DEM e PSDB, isso impede o PT de caminhar com ele na eleição deste ano. A aproximação de Magno Malta (PR) do palanque palaciano deve condicionar o apoio à candidatura do delegado Fabiano Contarato no palanque de Casagrande ao Senado. Como ele parece ter mais densidade eleitoral que João Coser (PT), como o partido vai fazer?
 
Renata – O PT é quem sai mais prejudicado nessa movimentação. Hartung já não quer mais saber do PT, não vai com Dilma, ainda mais depois da queda da presidente nas pesquisas. Magno Malta não entra mais na disputa estadual, e Renato tem um palanque que não é atraente para a cúpula nacional do PT. Se Coser fosse o candidato ao Senado, ainda poderia ser uma candidatura majoritária para puxar o palanque de Dilma, mas o partido perdeu essa capacidade de negociação ao se assanhar para o lado de Hartung. O desempenho de Coser no levantamento da Futura também enfraqueceu o petista na mesa eleitoral. 
 
Nerter –  Restaria a vaga de vice, o que seria lucro para o PT. Mas aí a gente tem o PDT. E a coisa complica por aí, porque o PT não caberia mais no palanque do PMDB por causa dos tucanos, mas o PDT cabe. Então, talvez, seria mais interessante para Casagrande negociar com o PDT a vice, porque o PT fica dependente de um palanque, agora mais fragilizado do que nunca. Precisa reeleger seus deputados, manter pelo menos um na bancada federal e tem a obrigação de erguer um palanque para Dilma no Estado. 
 
Renata – Se bobear o PT vai ter de lançar uma candidatura ao governo para garantir o espaço de Dilma no Espírito Santo. É uma situação difícil. O PT deu uma importância muito grande à sua força política, mas Hartung não deu muita importância a isso. Agora o partido ficou desidratado nessa discussão. Foi atropelado pelo processo. 
 
Nerter – Mais uma vez ficou patente a inteligência política do ex-governador Paulo Hartung. Agora é a hora de ver se as movimentações de Casagrande foram só esperteza de momento em 2010 ou se ele vai se firmar como grande liderança do Estado de uma vez por todas. 
 
Renata – Vamos acompanhar os movimentos dos dois lados nos próximos dois meses. Será um cabo de guerra interessante de se acompanhar. Agora é hora de fazer as apostas. 

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