A tão esperada ordem de serviço para as obras do aeroporto de Vitória foi, finalmente, assinada na manhã desta quinta-feira (25), com a presença do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que assegurou que as obras serão concluídas em setembro de 2017. A cerimônia reuniu lideranças políticas de todo o Estado. Para quem acompanhou a solenidade, a impressão foi de que a senadora Rose de Freitas (PMDB) parecia mais beneficiada com os holofotes do que seu correligionário, o governador Paulo Hartung.
Nas imagens do evento, o governador não transparecia a felicidade que o momento deveria ter, já que a obra é uma cobrança também dele, que já dura 12 anos. Na movimentação política, Rose também pareceu “maior” do que o governador e a presença de 61 dos 78 prefeitos do Estado ao evento tinha como foco a senadora, que parece ter aumentado sua área de influencia no interior, com sua pauta municipalista.
Para algumas lideranças, o desconforto aparente do governador vem do fato de que a conquista é uma vitória para a senadora, que comandou o jogo político no evento. Rose de Freitas foi durante os oito anos do governo passado de Hartung desafeta do governador.
Em duas ocasiões, em 2006 e 2010, ele teria atuado no processo eleitoral para diminuir o capital da peemedebista em suas disputas para a Câmara dos Deputados. Na disputa do ano passado, Hartung se aproximou de Rose no período pré-eleitoral para evitar atritos dentro do PMDB. Após confirmadas as candidaturas, o governador teria feito um acordo clandestino para apoiar o nome do ex-prefeito de Vitória João Coser (PT) ao Senado. Rose de Freitas construiu a candidatura sozinha e ganhou o apoio do companheiro de palanque na reta final da campanha, quando sua eleição pareceu inevitável.
O aumento da musculatura política de Rose de Freitas cria para o governador um problema a ser resolvido, já que ela se torna candidata em potencial ao processo eleitoral de 2016 na Capital e até pode ser projetada para a disputa estadual em 2018. Enquanto isso, Hartung lida com a queda de popularidade e as dificuldades em dar um rumo mais consistente à sua gestão.
Se a senadora se consolidar como uma liderança política que tem trânsito em Brasília e condições de socorrer os prefeitos em crise, algo que Hartung não está conseguindo fazer, pode se tornar um obstáculo aos interesses do governador em seu futuro político.