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Rose e Hartung levam tragédia da 101 para o campo político

O acidente do último domingo (10), que deixou 11 mortos na BR 101 sul, e os debates em torno do cumprimento do contrato de concessão da rodovia, em vez de unir, têm dividindo as principais lideranças do Estado. Na disputa pelo protagonismo da discussão, o governador Paulo Hartung (PMDB) solicitou uma audiência com o presidente Michel Temer (PMDB) para tratar do problema. 
 
Nesta quarta-feira (13) o presidente recebe o governador capixaba. A senadora Rose de Freitas (PMDB), que hoje é adversária declarada de Hartung na disputa ao governo, foi mais ligeira. Para se antecipar a Hartung, a senadora se reuniu com Temer na noite dessa terça-feira (12), no Palácio do Planalto, e pediu urgência na tomada de decisão sobre o contrato da concessionária Eco 101. Além disso, Rose pediu apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para garantir segurança aos usuários da rodovia. 
 
“O presidente ligou imediatamente para o ministro dos Transportes [Maurício Quintella] e pediu para ele se reunir com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para buscar solução. A Eco 101 precisa realizar a obra ou deixar a concessão”, afirmou a senadora. 
 
Esta é a segunda vez que o imbróglio sobre a duplicação das obras da BR-101, de responsabilidade do consórcio EcoRodovias, põe as duas lideranças em movimentações separadas. Em julho passado, logo após o primeiro acidente que matou 23 pessoas na mesma rodovia, Hartung foi a Brasília e se reuniu com Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) para debater o assunto. Do encontro ficou decidido que o ministro Quintella viria ao Estado para uma conversa.
 
A vinda aconteceu no início do mês de agosto, mas não saiu do jeito que o governador queria. A senadora Rose de Freitas conseguiu reunir na Superintendência Regional do DNIT, em Bento Ferreira, em Vitória, o ministro dos Transportes pela manhã daquele dia com representantes da bancada capixaba, da ECO 101 e do DNIT. A reunião foi tensa, com cobranças diretas da bancada à ECO 101. Nenhum representante do governo do Estado compareceu e o ministro foi até o Palácio Anchieta para uma visita de cortesia ao governador. Encontro sem deliberação. 
 
Neste contexto, fica evidente para a classe política a disputa pelo protagonismo do processo, em que a senadora tem conseguido ser mais efetiva, porque não tem o mesmo compromisso que o governador com o setor privado na hora das cobranças. 
 
Hartung não tem conseguido aglutinar forças políticas em torno de sua movimentação sobre o assunto. Embora seja o governador que teria que assumir o protagonismo, Hartung não tem conseguido marcar uma posição forte sobre o assunto, nem unificar o discurso da classe política sobre o tema. 
 
Hartung vem buscando uma saída negociada para a conclusão das obras, cobrando de forma menos incisiva o cumprimento do contrato. Rose de Freitas tem feito cobranças mais duras, com exigências do envolvimento do governo federal na solução do problema. Já o senador Ricardo Ferraço (PSDB) defende a extinção do contrato com a EcoRodovias. Os deputados estaduais querem a suspensão do pedágio enquanto não a concessionário não entregar as obras de duplicação. 
 
Sem condições de unificar o discurso porque não aglutina todas as forças do Estado hoje, como fez em seus dois mandatos passados, o governador tem dificuldade de alinhavar sua proposta de debate com a ECO 101, buscando uma saída negociada e sem colocar a faca no pescoço dos empresários, pois isso prejudica seu discurso de defesa da privatização dos serviços no Estado.

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