
Pais, alunos, professores e lideranças políticas que esperavam debater nesta quinta-feira (21) o fechamento de escolas na zona rural de Muniz Freire, região do Caparaó, voltaram para casa decepcionados. Eles esperavam discutir a questão com o subsecretário de Planejamento da Secretaria Estadual de Educação (Sedu), Eduardo Malini, que simplesmente não compareceu ao encontro.
O subsecretário foi até o distrito de Piaçu, mas não seguiu viagem até o Centro de Muniz Freire (19 Km de Piaçu), onde acontece o encontro. O comentário que tomou conta da reunião foi de que o subsecretário deu o bolo porque, além da comunidade escolar, quis evitar a presença do deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB), que é crítico do fechamento de turmas e do programa Escola Viva.
Já a comunidade escolar compareceu em peso. Como o local onde ficam as escolas é de difícil acesso, alunos e pais foram na boleia de caminhão para o encontro. Cerca de 200 pessoas esperavam para ouvir por que a Sedu quer fechar escolas bem ranqueadas no Enem e que atendem a estudantes da zona rural no ensino noturno.
A reunião seria na escola Bráulio Franco, que abrigará a Escola Viva, mas na última hora foi transferida para a Igreja Católica. Isso porque a Superintendência temia que houvesse ocupação da escola, como aconteceu em Colatina e São Mateus, no ano passado.
A proposta da Sedu até o momento é de que os estudantes sejam transferidos para a escola Bráulio Franco. O problema é que os estudantes são filhos de produtores rurais e estudam à noite e a proposta do Escola Viva é de ensino em tempo integral. Outra solução para manter o ensino noturno é ainda pior. A Sedu quer transferir os alunos para a escola fundamental Lia Terezinha Merçon, que recentemente foi interditada por problemas sérios de estrutura: os tetos das salas de aula estavam caindo
A principal reclamação é como será feito o transporte dos alunos. O governo se comprometeu a colocar ônibus, mas a estrada que liga o distrito de Vieira Machado, onde funciona uma das escolas e o Centro de Muniz Freire é perigosa e está em péssimas condições. A estrada fica intransitável em dias de chuva . Alguns alunos já se deslocam cerca de 20 quilômetros para chegar até essas escolas, com a mudança, terão que enfrentar mais 17 quilômetros para estudar.
O que chama a atenção é o argumento do governo para fechar o ensino noturno: a baixa procura por matrículas. Uma visão economicista, que esbarra no fato de as escolas terem destaque nacional pelo rendimento dos alunos. A escola Maria Cândido Kneipp, localizada em Vieira Machado, ficou em segundo lugar entre estudantes com condição socioeconômica baixa na prova do Enem. Já a escola Judith Viana Guedes, que fica no distrito de Itaici, ficou em 18º no ranking nacional.
Em sua página no Facebook, o deputado Sérgio Majeski, que participou da reunião, criticou a posição do subsecretário. “Poucas vezes vi tamanho desprezo pelas pessoas por parte de um empregado do Estado pago pelo povo”, disse. Ele também falou sobre a justificativa de que cortes de gastos para o fechamento de escolas com baixo número de alunos.
“Um governo que gastará esse ano cerca de 34 milhões com publicidade, não pode argumentar que fechando escolas irá reduzir despesas, ou que não tem dinheiro para a educação. O subsecretário apenas demonstrou o que o seu chefe [secretário de Educação Haroldo Rocha] e o chefe [governador Paulo Hartung] do seu chefe fazem: desprezam a educação e a comunidade escolar”, desabafou o deputado.