Em 2015, uma rodada de pesquisas eleitorais apontou que todos os prefeitos da Grande Vitória estavam em baixa com a população, o que fomentou as articulações para a eleição deste ano em torno dos adversários em potencial para a disputa. Mas uma reviravolta trazida pela minirreforma eleitoral recolocou os atuais gestores no jogo político e com força.
Uma reportagem do jornal O Globo dessa segunda-feira (25) mostra que sem as doações de empresas, a máquina pública ganhará força no processo eleitoral. Isso porque os recursos para as campanhas deverão vir apenas de duas fontes: doação de pessoas físicas ou fundo partidário. O período curto de campanha (45 dias) também prejudica os candidatos que procuram se firmar, sobretudo os que estão sem mandato eletivo.
Em relação às doações físicas, a situação é complicada, já que não há cultura no Brasil em relação a essa prática. Em 2014, aliás, isso deu confusão. O PSOL trabalhou com doação de pessoas físicas e muitos doadores foram chamados a dar explicações à Justiça eleitoral posteriormente.
O Tribunal convocou em várias partes do País financiadores de campanha que tenham feito doações superiores a 10% de seu rendimento no ano anterior. A Justiça Eleitoral cruzou o valor doado ao candidato e os dados declarados no Imposto de Renda de Pessoa Física. A questão é que muitos desses doadores do partido, que são pessoas físicas, tiveram renda atual inferior a R$ 26.916,55, em 2014, o que os isenta de declarar imposto de renda. A confusão pode espantar os interessados e investir em uma campanha eleitoral este ano.
A outra forma de financiamento é o fundo partidário. O recurso disponibilizado para os partidos este ano é de R$ 819 milhões. Mas esse valor não é exclusivo para financiamento de campanhas. Na verdade o foco principal do recurso é a manutenção dos partidos. A campanha é feita com o que sobrar. Além disso, os partidos vão apostar em cândidos com maiores chances de vitória e em grandes colégios eleitorais, o que pode complicar a vida de quem está em municípios que não sejam capitais ou que tenham menos de 100 mil habitantes.
Os prefeitos parecem estar cientes da vantagem e têm começado a investir em visibilidade de suas gestões para sair na frente na disputa. Até 2 de julho, os gestores podem fazer inaugurações, contratações, assinar ordem de serviço, enfim. Tem um longo período para lustrar suas imagens.
Na Grande Vitória, o ano começou com muitas placas, anunciando obras. Os prefeitos vão investir nas entregas para ganhar a confiança do eleitor e ganhar fortalecimento até o período eleitoral.
Como a campanha terá apenas 45 dias, os prefeitos chegam ao pleito em vantagem enquanto seus adversários não terão o mesmo palanque, sobretudo os que não tiverem mandato legislativo, pois ficam distantes da memória do eleitor.