As inconsistências sobre o projeto do PMDB para 2014 não estão apenas no Estado. Depois de enviar carta ao diretório do partido deixando a decisão sobre os caminhos eleitorais do próximo ano com as lideranças locais, o presidente nacional da sigla, senador Valdir Raupp (RO), volta atrás e mostra que a nacional quer intervir nos assuntos locais.
Em entrevista ao jornal A Tribuna, Raupp reafirma que o partido terá candidatura própria ao governo do Espírito Santo, seja com o ex-governador Paulo Hartung ou com o senador Ricardo Ferraço.
Caso realmente insista na interferência da nacional no processo do Estado, Raupp terá dificuldades em realizar o projeto de candidatura própria peemedebista ao governo. A nacional intervém no partido em um momento de transição para o PMDB do Espírito Santo, o que torna qualquer movimento vertical mais sensível.
O levante puxado pela bancada estadual, que tira o controle da sigla do grupo do ex-governador Paulo Hartung, enfraquecendo seu principal aliado, o presidente estadual Lelo Coimbra, aponta para a permanência do grupo no palanque do governador Renato Casagrande.
Hoje essa insatisfação com a ideia de candidatura própria, seja com Hartung ou com Ricardo Ferraço, já não se restringe à bancada. Os 15 prefeitos do partido e os ex-prefeitos peemedebistas já mostram a expectativa de o partido continuar no arco de aliança socialista.
No caso dos prefeitos esse elo é ainda mais forte por causa das medidas do governo do Estado de fortalecimento econômico dos municípios, que garantiu recursos para os prefeitos tocarem suas administrações. Da mesma forma, os ex-prefeitos que pretendem se fortalecer para disputas futuras também se aliam ao governo para buscar o crescimento de capital eleitoral.
Por isso, o presidente nacional terá dificuldade em manter a candidatura própria e também de desatar o elo entre as lideranças e o governo do Estado. Sobretudo porque o palanque que propõe o grupo se contrapõe à reeleição do governador.
Na semana passada o vice-presidente Michel Temer veio ao Estado para tentar amenizar uma das inconsistências dessa discussão. Apesar da pressão do PT nacional para a candidatura de Paulo Hartung pelo PMDB, Temer deixa transparecer nas entrelinhas de seus discursos que o nome é Ricardo Ferraço. Mas isso não resolve a insatisfação interna no PMDB local, que luta para manter o tripé partidário de 2010 com PT e PSB, apoiando a reeleição de Renato Casagrande e fortalecendo as chapas proporcionais nas quais estarão o PMDB.