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Nova Matriz de Risco atribui mais responsabilidade aos municípios, afirma Casagrande

Conurbação na GV e regra limítrofe no interior não valem mais. Taxa de transmissão não será incluída. ES já tem 1.967 mortos

A nova Matriz de Risco do Espírito Santo para gestão da pandemia de Covid-19, que passa a valer a partir da próxima segunda-feira (13), estabelece uma maior municipalização dos dados e decisões. Ignorando as interações naturais que acontecem entre os municípios da Grande Vitória e os municípios vizinhos no interior, as novas regras retiram três variáveis chamadas externas. 

A primeira, é a determinação de que o município classificado como risco alto continue nesse grupo por pelo menos 14 dias. A nova matriz permite que ele reduza e mude para risco moderado em uma semana, caso a atualização semanal do mapa de risco assim mostrar.

A segunda variável a cair é a da conurbação, até o momento aplicada na região metropolitana. Assim, cada um dos municípios da Grande Vitória poderá ter classificações diferentes, de acordo com o comportamento individual da pandemia em seu território. 


A terceira refere-se ao interior, onde a chamada regra limítrofe será suspensa. Com isso, os municípios de risco alto não terão mais influência sobre os seus vizinhos, que, automaticamente, eram classificados como risco moderado.

“A decisão de deixar para que cada município de fato tenha sua classificação de risco de acordo com a sua realidade é para responsabilizar cada vez mais o município. De fato dar responsabilidade a cada um deles”, explicou o governador Renato Casagrande (PSB) em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (10).

Apesar da maior municipalização, a inclusão do Índice de Transmissão (Rt) na Matriz de Risco, conforme solicitado reiteradamente pelo Ministério Público Federal (MPF), continua descartada, pois, segundo Casagrande, a medida requer a realização de inquéritos sorológicos em cada município, o que demanda uma quantidade de testes inviável para o Estado.

Afora as mudanças, a Matriz de Risco continua com quatro ameaças: letalidade (número de pessoas contagiadas dividido pelo número de óbitos); coeficiente de incidência (número de contagiados por cada 100 mil habitantes); percentual de pessoas com mais de 60 anos; e isolamento social. A letalidade e o coeficiente de incidências, no entanto, passarão a ser calculados considerando um intervalo de 28 dias.

Também permanece como critério de vulnerabilidade da matriz de risco, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com uma taxa semelhante à atual, maior que 80%, ressaltou Casagrande, não há municípios com risco baixo, estando todos em risco moderado ou alto. E com taxa superior a 90%, alguns são classificados como risco extremo.

Como já tem sido dito nos últimos dias pelo governador e pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, a atualização da Matriz de Risco acontece devido ao novo comportamento da pandemia no Estado, onde o Rt foi reduzido, apesar da curva continuar em ascendência, e de alguns municípios da Grande Vitória mostrarem estabilização das contaminações, com tendência, ainda a comprovar, de recuperação. “A Grande Vitoria atingiu o platô e o interior continua crescendo, principalmente nos municípios-polo”, disse Casagrande.

O mapa da próxima semana será publicado neste sábado (11), com mudanças pontuais nas medidas qualificadas para cada setor, antecipou o governador, explicando as novas regras para os restaurantes, lanchonetes e academias de ginástica.

Nos municípios de risco moderado, esses estabelecimentos, que hoje podem abrir as portas de segunda a sexta-feira até às 16h, poderão funcionar até às 18h nesses dias e também aos sábados, até às 16h. Nos municípios de risco alto, o funcionamento é o mesmo de segunda a sexta, mas permanece proibido aos sábados e domingos.

Sobre as academias o que muda é que nas cidades de risco moderado não haverá mais limitação de cinco pessoas atendidas por vez, desde que respeitado o distanciamento mínimo já em vigor.

Surtos

Sobre o possível comportamento do vírus nas próximas semanas e meses, Casagrande disse que, a considerar o que tem acontecido em outros países que já viveram a primeira onda da pandemia, o que deve acontecer no Espírito Santo são surtos localizados, em bairros, comunidades e instituições. “Temos visto nos países não ondas, mas focos. Nossa capacidade de testagem vai permitir identificá-los”, afirmou.

Disciplina

Apesar das flexibilizações autorizadas, Casagrande salientou a necessidade de manutenção da disciplina individual com relação ao distanciamento social – mesmo que o isolamento seja quebrado, para retomada de atividades econômicas e sociais – do uso correto da máscara e da higienização das mãos.

“Estamos na metade da caminhada. É preciso continuar sabendo que ainda tem um esforço para administrar da forma mais adequada a pandemia. Ainda não começamos a descer. A subida foi difícil e a descida terá que ser suave, cautelosa. O vírus continua muito ativo, 38 pessoas perderam a vida hoje”, reforçou, ressaltando que, no interior, “o trabalho [de disciplina] tem que ser mais intenso”.

Sobre a reabertura das escolas, somente será possível decidir próximo do dia 20 de julho, já que o atual decreto estabelece suspensão das aulas presenciais até o dia 31 de julho. E sobre os torneios de futebol, a previsão é de retomá-los em setembro, ainda sem definição sobre a presença ou não da torcida nos estádios.

Painel Covid
O Painel Covid-19 desta sexta-feira (10) confirmou 38 óbitos e 1.352 novos casos positivos, totalizando, até o momento, 1.967 e 61.361, respectivamente.

Também foram confirmadas mais 1.071 pessoas curadas nas últimas 24 horas (40.983 no total), com a realização de 2.428 testes, sendo 131.734 até o momento. Desse total de testes, 53.340 foram descartados e 25.715 estão sob investigação. A taxa de letalidade está em 3,21%.

O isolamento social desta quinta-feira (9) foi de 44,33% e a ocupação de leitos de UTI média estadual está em 83,19%.

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