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Comunidades quilombolas do Sapê do Norte mesclam cultura e política

 
“O beiju é nosso simbolo de resistência e identidade. A ideia do Festival do Beiju é garantir a sustentabilidade, geração de renda, preservação do modo de fazer beiju e dar continuidade às culturas tradicionais das comunidades do Sapê”, afirma Selma Dealdina, quilombola que idealizou a primeira edição do Festival do Beiju, em depoimento ao blog oficial do Festival. 
 
O evento já é tradição entre as comunidades quilombolas do Sapê do Norte, nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra. Realizado desde 2003, essa será a 11° edição do Festival do Beiju que, mesmo sem apoio do governo do Estado, ao contrário dos anos anteriores, conseguiu manter as atividades para esse ano por meio de apoio e parceiias locais – porém em uma estrutura menor. “Nossa busca é para que o governo do Estado inclua o Festival do Beiju nas agendas culturais anuais para que, assim, possamos manter nossas tradições com o tamanho que merece”, diz uma das organizadoras do evento, Kátia Penha. 
 
Neste ano quem sedia o evento é a comunidade quilombola do Divino Espírito Santo, pioneira na produção de beiju – 40% das famílias da comunidade movimentam a economia familiar baseada nesta tradição, que é passada a cada geração.  Contudo, o evento não só celebra a cultura quilombola, mas também é usado como um espaço para discussões que envolvem a vivência de seus povos locais. 
 
“A temática desta edição do evento é territorialidades, que abrange nossas demandas e vivências como comunidades que lutam pela garantia da auto sustentabilidade e por terras. É um festival que preza sim pela celebração à cultura africana que nos forma, mas que também destaca nossas lutas.”, detalha Kátia Penha. 
 
A programação do Festival une atividades políticas e culturais. Na  sexta-feira (28), a abertura será com uma celebração ecumênica, além de show de forró e o lançamento de algumas campanhas que destacam as lutas de pescadores e quilombolas por suas terras. No sábado (29) haverá uma mesa de discussão formada por autoridades; e a realização de uma Plenária Estadual de Comunidades Quilombolas, com representantes de diversos municípios. O último dia, domingo (30), será encerrado com a já tradicional Cavalgada, que envolve três comunidades onde eram feitas, antigamente, a rota da comercialização do beiju.
 
A comissão quilombola ainda procurou envolver três escolas da comunidade de São Domingos. As escolas irão se apresentar no festival destacando as cirandas de roda e o Jongo, participação imprescindível de acordo com Kátia Penha. “É muito importantes ter os jovens envolvidos na cultura local, já que hoje os grupos culturais mais velhos, os tradicionais, tendem a irem acabando, então é preciso fazer com que os mais novos tomem para si essas manifestações também”, finalizou. 
 
Serviço
O 11° Festival do Beiju será realizado entre os dias 28 e 30 de agosto, na Comunidade do Divino Espírito Santo – região que abrange municípios de São Mateus e Conceição da Barra, conhecido como Sapê do Norte. A participação é livre e no evento e, além das atividades culturais,  será comercializado beijus, comidas típicas e artesanatos. 

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