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‘Comércio ilegal de aves ainda é muito comum no Caparaó’, lamenta ambientalista

Polícia fez apreensão em cativeiro em Guaçuí nesta terça. Educação ambiental é solução, aponta Dalva Ringuier

Divulgação/PMA

A Polícia Militar Ambiental (PMA) apreendeu, nessa terça-feira (9), aves silvestres que estavam em cativeiro numa residência de São Romão, localidade rural de Guaçuí, município do Caparaó capixaba. Segundo a ambientalista Dalva Ringuier, diretora executiva do Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável do Território do Caparaó Capixaba, esse tipo de crime ainda é muito comum na região.

De acordo com a PMA, foram encontrados no local, sem autorização legal, três pássaros Coleiros, três papagaios Chauás e dois pássaros Trinca-Ferro, sendo que estas duas últimas espécies citadas constam na lista estadual oficial de espécies da fauna ameaçadas de extinção. Também foi encontrado na propriedade couro de jacaré abatido, além de três espingardas de calibres 32, 22 e 4.5, sendo apenas uma delas registrada em nome de uma das pessoas suspeitas.

A ação foi realizada por uma equipe do 2º Pelotão da 4ª Companhia do Batalhão de Polícia Militar Ambiental, com reforço do 3° Batalhão de Polícia Militar, as quais teriam chegado ao espaço a partir de uma denúncia anônima. De acordo com a PMA, o material apreendido e os suspeitos do crime foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária (DPJ) de Alegre, município vizinho de Guaçuí.

Ainda de acordo com a PMA, os suspeitos dos crimes – um homem de 61 anos e sua esposa, de 59 anos – estão sujeitos às penalidades previstas no artigo 29 da Lei Federal 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), com possibilidade de detenção de seis meses a um ano e multa; e no artigo 12 da Lei Federal 10.826/2003, sobre posse e comercialização de arma de fogo, que prevê detenção de um a três anos e multa.

“Infelizmente, as pessoas ainda fazem muito esse comércio de pássaros na região, principalmente daqueles considerados mais raros. Normalmente, os compradores vêm de fora com os pedidos das espécies que eles querem, e as pessoas dos próprios locais fazem a captura para vender”, explica Dalva Ringuier.

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A ambientalista relata que muitos donos de propriedades rurais da região abrem seus espaços para que se façam caçadas, e há localidades em que existem caçadores relativamente conhecidos. Ela denuncia, também, a existência na região de falsificação e comercialização de anilhas, os anéis de identificação colocados nos pássaros em que a posse é legal, o que dificulta a fiscalização.

Ainda segundo Dalva, apesar da atuação da Polícia Militar Ambiental na apreensão, ainda há muita dificuldade em fiscalizar o comércio ilegal, e a maioria dos pássaros é vendido sem que se tome notícia. A ambientalista, porém, aponta caminhos possíveis para se combater essa situação.

“Eu vejo que a melhor forma de se combater o tráfico de pássaros é através da educação ambiental. As pessoas têm que entender que esse patrimônio natural pertence a todo mundo que mora na região. Não tem nada mais prazeroso do que você acordar de manhã com um pássaro cantando no seu quintal. A educação ambiental também ajuda as pessoas a entenderem que esses animais soltos contribuem para o controle biológico de pragas e insetos e para espalhar sementes de plantas, ajudando no reflorestamento”, argumenta.

Do ponto de vista da fiscalização, Dalva aponta que um caminho seria a ampliação de blitzes em veículos, apesar de o alcance ser limitado. “Existem denúncias de ônibus e carros que vêm de determinada região de fora do estado para participar de jogos em comunidades, como partidas de futebol, mas que na verdade os ocupantes estão em busca de aves. Mas, para pegar essas pessoas, é necessário toda uma estrutura de operação, então eu vejo que o melhor caminho é a educação ambiental”, completa.

Denúncias de tráfico de aves devem ser realizadas através do Disque Denúncia 181, ou pelo site https://disquedenuncia181.es.gov.br.

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