Não surpreendeu os meios políticos a posição do governador Paulo Hartung no jantar dessa terça-feira (8) em Brasília. O encontro reuniu os governadores e ministros do PMDB e os homens fortes do partido, o vice-presidente Michel Temer; o presidente do Senado, Renan Calheiros e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
No bojo do encontro havia duas articulações que cobravam posicionamento das lideranças do partido: a primeira, política, de uma busca de protagonismo do PMDB nacional para a sucessão presidencial; e outra administrativa, com a proposta do partido, que faz parte do atual governo, para buscar soluções para a crise.
Sobre a segunda parte da agenda, uma ala do PMDB, da qual fazia parte o próprio Temer, defendia o aumento da CIDE, imposto que incide sobre os combustíveis. Momentos antes da reunião com os peemedebistas Temer teria sido convencido pela própria presidente Dilma a desistir a da ideia de propor o aumento da Cide. Essa seria uma solução para ajudar os estados, como alternativa ao aumento da CPMF.
O governador Paulo Hartung já havia se posicionado anteriormente sobre o tema aumento de impostos para gerar receitas. Para ele, é preciso fazer cortes de despesas e evitar o aumento de impostos. Disse que está fazendo isso no Estado e conseguindo driblar a crise. A fala de Hartung na verdade não convence os meios políticos, primeiro pela comparação Estado e País, e outra porque o discurso da crise causada por desmandos de seu antecessor não pega mais.
Outra agenda que vem sendo evitada por Hartung é a do comprometimento partidário. Para algumas lideranças nacionais do PMDB, o partido deve construir um projeto próprio deixando de ser coadjuvante do governo federal. À coluna Praça Oito, do jornal A Gazeta, desta quarta-feira (9), o governador recorre à heterogeneidade do partido para justificar a dificuldade em acreditar em uma mudança de postura do partido, de “congressual” a Executivo.
Para os meios políticos, Hartung mantém uma postura que sempre adotou em sua trajetória política. Evita posicionamentos políticos e partidários para evitar conflitos com o outro lado. Permanece assim, na zona de conforto, observando com cautela o movimento e se guindando ao grupo que estiver em melhores condições.
Mesmo tendo sido eleito no palanque de Aécio Neves (PSDB), o governador não foi um cabo eleitoral do tucano no Estado. É verdade que não fez campanha para Dilma Rousseff, mesmo sendo filiado ao PMDB, mas também não se ouve dele neste momento de crise, o discurso esperado nem pelo ninho tucano, nem pelo grupo do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que puxa o movimento de apoio ao governo federal.
Com isso, consegue evitar o desgaste de apoiar o governo em crise de popularidade, mas não perde o vínculo institucional que pode lhe garantir a governabilidade até o fim do mandato. Neste sentido, vai ao encontro de pauta ampla para discutir questões pontuais.
Foi o que aconteceu no jantar dessa terça, quando defendeu, ao lado do líder do PMDB na Câmara, o deputado federal carioca Leonardo Picciani a retomada do modelo de concessão para a exploração do pré-sal com forma de gerar receita para os Estado, em substituição ao atual modelo de partilha.