Largada

As primeiras pesquisas eleitorais deste ano colocam o ex-prefeito de Vitória, João Coser, no contrafluxo do cenário registrado para o PT nas capitais em todo o País – 16 dos 21 candidatos do partido não chegaram sequer a 10% das intenções de votos nos dados divulgados pelo Ibope, como aponta levantamento publicado pela Folha de S.Paulo. Outros três marcaram um pouco mais e, disputando a liderança, mesmo, só aparecem Coser e a deputada federal Luizianne Lins (Fortaleza). Entre os obstáculos apontados para o PT até agora, que precisa urgentemente recuperar espaços depois do fracasso da última disputa municipal, já como passo essencial para 2022, estaria o próprio eleitorado de baixa renda, que sempre foi uma das suas principais bases de votos, a falta de interesse da população no pleito, e o desgaste da legenda nos últimos anos. Coser, que se despediu do segundo mandato na Capital capixaba em 2012, tem concentrado sua campanha exatamente na periferia, onde circula todos os dias ao lado de candidatos a vereador do partido, para marcar território e impedir a ascensão de outros palanques, como já registrado em alguns estados do País. A permanecer o atual quadro, que ainda tem índice elevado de indecisos e eleitores que não pretendem ir às urnas em 15 de novembro, a decisão será de "legados e marcas", como tratado aqui em agosto, antes das confirmações de chapas à Justiça Eleitoral. De um lado duas gestões petistas, do outro duas do sucessor Luciano Rezende (Cidadania), representado pelo seu afilhado político, "supersecretário" e deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania).

Largada II
Os dois candidatos, tanto na pesquisa do Ibope quanto na Futura/Folha Vitória, estão tecnicamente empatados, com 22% das intenções de votos. O segundo lugar vem bem atrás – 10% pra baixo – tudo embolado e nesta ordem: Lorenzo Pazolini (Republicanos), Neuzinha de Oliveira (PSDB), Capitão Assumção (Patriota), Sérgio Sá (PSB), Mazinho (PSD) e Namy Chequer (PCdoB).

Problema
Mas, como também já dito aqui, Coser tem um problema maior do que seu principal adversário até agora: lidera bem na frente o índice de rejeição, praticamente o dobro em relação a Gandini. 

Manteve a posição
O ex-prefeito é apontado desde julho como um dos três palanques prioritários da Nacional, inicialmente junto com Marília Arraes (Recife) e Major Denice (Salvador). Ele avançou, os outros dois, ainda não - Marília bateu 14% no Ibope e Denice apenas 6%, subindo Luizianne Lins, com 23%, atrás, porém, do primeiro colocado, Capitão Wagner (Pros).

Dindim
Com esse cenário acirrado em Fortaleza, os investimentos financeiros da Nacional já são pra lá de expressivos. Luizianne bateu a "casa" do R$ 1 milhão de recursos partidários. Já Coser tem, até agora, 321 mil.

Dindim II
O outro palanque petista do Estado que recebeu mais da Nacional foi de Célia Tavares, em Cariacica: R$ 142 mil. Sem uma liderança forte no município, a disputa está muito embolada, e conta com reboque do ex-prefeito e atual deputado federal Helder Salomão. O volume de recursos reforça que, depois da principal aposta, Vitória, o partido não ignora Cariacica como estratégia.

Dindim III
Como mostrei no final de setembro, o PT lançou 16 palanques à prefeitura nos 78 municípios capixabas, a maioria puro-sangue, repetindo o isolamento do pleito municipal passado. Em cidades-polo como Colatina, com Genivaldo Lievore, e Cachoeiro de Itapemirim, com Joana D'Arck, o partido só disponibilizou R$ 30 mil para cada até agora.

Lula
Depois de lives com a ex-presidente Dilma, Fernando Haddad e Alexandre Padilha, o ex-prefeito João Coser aposta todas fichas na entrada de Lula em sua campanha. O ex-presidente gravará vídeos de apoio a candidatos estratégicos do partido, incluindo Coser, que também espera uma transmissão online "para chamar de sua".

Cabos eleitorais
Enquanto Coser tem Lula como seu principal apoiador, Gandini circula com Luciano Rezende pela Capital e Pazolini divulga áudio do presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), nas redes sociais.

Caixa
Pazolini, aliás, já passou Coser em verba para campanha: R$ 403 mil, sendo R$ 400 mil da Estadual do Republicanos. Gandini está bem atrás, com R$ 79 mil, referentes a doações de pessoas físicas.

Caixa II
As lideranças são de Neuzinha de Oliveira (PSDB), com R$ 750 mil, da Nacional, e de Sérgio Sá (PSB), com R$ 561 mil, sendo R$ 540 mil também da Nacional.

Caixa III
No caso de Neuzinha, depois da polêmica interna no ninho tucano com a pretensão do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas ser candidato como nome apoiado pela Nacional, e a reviravolta fechada por ela com aval do PSDB Mulher, aí está a verba gorda.